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AQUI NASCEU PORTUGAL

MARIA DO CÉU MARTINS Economista

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por MARIA DO CÉU MARTINS
Economista

De repente, e sem que nada o fizesse antecipar, rebenta uma enorme polémica em torno da Torre da Alfandega – aquela que todos conhecemos porque exibe em formato “out-door” a inscrição: “Aqui Nasceu Portugal”, bem no miolo da cidade de Guimarães.

Replicada pela imprensa nacional, a escandaleira torna-se ainda maior e mais audível. Para quem conheceu a Torre em imagens, para quem visitou a cidade e mesmo para quem vive em Guimarães (desde sempre) nada faria adivinhar que um tal símbolo da nacionalidade pudesse ser privado e muito menos que andasse a ser transacionado sem que a autarquia local exercesse direitos de preferência. Diz-se que foi por lapso, que o nome da rua não coincidia – eu, por defeito de formação, nunca acredito em tanta inocência junta….

Mas isso agora pouco importa até porque a transação já foi feita – ou talvez não!

Guimarães é Património da Humanidade o que deixa tudo o que possa ser classificado a coberto de legislação específica que pode, e deve, ser acionada em defesa do bem comum. E esta seria uma das duas saídas possíveis para o imbróglio, a outra, uma negociação direta com o proprietário. Porque a terceira, felizmente, não existe – longe vão os tempos em que se demoliam panos de muralha para construir prédios de habitação.

Mas, na minha muito humilde opinião, a primeira solução é a que deverá servir de salvaguarda final (de enquadramento) até porque será a mais morosa. Uma negociação direta com o proprietário é a mais óbvia, como primeira etapa (e esperemos, única) de um caminho que urge percorrer!

Negociação para a totalidade da Torre da Alfandega, naquilo que ela representou em termos de históricos (e não é tanta área quanto isso…), devolvendo-lhe alguma da dignidade original que teria, necessariamente, um elemento tão importante na estrutura de defesa do burgo.

Ficarmo-nos por direitos de acesso é uma postura, no mínimo, miserável – até, porque, em última instância, isso se poderia fazer com uma escada de emergência pelo exterior.

Mas mais miserável ainda é perceber que a salvaguarda deste património é um caminho de um peregrino solitário – o Miguel Bastos – que, desde 2012, fez levantamentos, memórias descritivas, propostas para o orçamento participativo, escreveu cartas para vereadores, carrega maquetas, faz vistas guiadas e todos os meses descobre e estuda mais um elemento relevante na justificação do seu projeto de “Muralha visitável”, de usufruto público.

Guimarães é uma cidade bonita, com um centro histórico espetacular, classificada como Património da Humanidade que até já foi Capital Europeia da Cultura. Mas a recuperação do centro histórico já tem mais de 20 anos e a classificação da Unesco já tem quase 15. Depois disso não se pregou um único prego na recuperação do Património.

O projeto, do Miguel Bastos, de tornar a Muralha visitável e colocar um centro de interpretação na Torre da Alfandega poderia fazer a diferença e até motivar um interesse acrescido pelo usufruto turístico da cidade.

Neste momento, a única desculpa que poderei encontrar para que o projeto não se concretize, num curto espaço de tempo, (isto é, neste mandato autárquico) é, claramente, o seu baixo custo – pelo menos quando comparado com algumas enormidades que fizeram a história recente do poder autárquico – e “gastar muito dinheiro em obra pequena tem feito de pequenos grandes autarcas”.

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