DIOGO FREITAS DO AMARAL

Por Pedro Castro Esteves.

diogo freitas do amaral

Nome completo
Diogo Pinto de Freitas do Amaral

Nascimento
21/07/1941
Póvoa de Varzim

Profissão
Político

“Não é por a família do meu pai e dos meus avós paternos serem de Guimarães, é porque Guimarães é o berço da nossa nação.” As palavras são de Diogo Freitas do Amaral quando, em 2017, apresentou o seu livro “Da Lusitânia a Portugal – 2000 anos de História no Paço dos Duques”. “Se o lançamento oficial tinha de ser feito em Lisboa, o segundo lançamento tinha de ser em Guimarães”, dizia o fundador do CDS-PP. A ligação à cidade-berço está bem patente nos 78 anos de vida do homem que foi um pouco de tudo na política.
Nasceu na Póvoa de Varzim, mas passou a sua infância em Guimarães (de onde era natural o pai, Duarte Freitas do Amaral). Foi por iniciativa do pai que, em 1979, se realizou o I Congresso Histórico sobre Guimarães e a sua colegiada. Passados vários anos, Diogo Freitas do Amaral retomou a iniciativa do pai e, em 1996, sob a sua presidência, realizou-se o II Congresso Histórico de Guimarães. Integrou os corpos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães e foi o autor da biografia dedicada a D. Afonso Henriques.
Mas Guimarães é apenas parte de uma longa história. Foram 45 anos de intervenção pública, que começaram com a fundação e presidência do CDS-PP, baseado nos princípios da democracia-cristã. É formalmente criado em julho de 1974. Entre os fundadores estavam Adelino Amaro da Costa e Basílio Horta. “Segundo a nossa conceção de vida, todos os homens são iguais e profundamente solidários”, afirmava Freitas do Amaral em 1975.
No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, Freitas do Amaral deve ser visto “como um dos pais fundadores da democracia partidária, o último a deixar-nos”, acrescentando que a direita lhe deve a conquista de um “espaço de existência próprio” no pós-25 de Abril. Integrou o governo da Aliança Democrática – coligação entre o PSD, CDS e PPM -, entre 1979 e 1983, tendo sido, inclusive, primeiro-ministro interino após a morte de Sá Carneiro.
Foi, juntamente com Mário Soares, Álvaro Cunhal e Francisco Sá Carneiro um dos principais protagonistas da democracia portuguesa no pós-25 de Abril.
Fez parte da Assembleia Constituinte que, em 1976, redigiu e aprovou a Constituição, que se mantém como a atual constituição portuguesa, tendo sido revista várias vezes.
Assumia-se como um defensor do “quadro amplo e vasto da democracia cristã”. “Houve uma primeira fase em que, com o país demasiado virado à esquerda, acentuei sobretudo valores de direita. E uma segunda fase em que, julgando eu que o país estava demasiado virado à direita, acentuei sobretudo valores de esquerda”, disse na apresentação do seu último livro de memórias.
Nas presidências de 1986 foi protagonista de uma das eleições mais polarizadas da história da democracia portuguesa. Depois de não ter conseguido a vitória na primeira volta, viu-se obrigado a disputar a segunda com Mário Soares, acabando por ser batido por 140 mil votos.
Em junho de 2019, numa entrevista à Lusa, quando já se encontrava doente, afirma que sofreu “um bocado” com a derrota nessas presidências, mas que “uma carreira de tipo diferente” acabou por mitigar o insucesso daquela campanha.
Antes de se retirar da política, acabaria por virar à esquerda e integrou o primeiro governo de José Sócrates como Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estava formalizado o divórcio com a sua família política. No entanto, manteve-se no cargo por apenas 15 meses.
“Foi com a direita zangada comigo e com Sócrates desiludido por eu ter saído do seu Governo pelo meu pé, que terminou, no verão de 2006, a minha carreira de homem público. Apesar de múltiplos serviços prestados ao país durante mais de três décadas, fiquei sozinho”, escreveu no seu terceiro livro de memórias.
Freitas do Amaral faleceu no passado dia 3 de outubro. Tinha 78 anos. A cerimónia da Implantação da República ficou marcada pela colocação da bandeira a meia haste. Foi decretado luto nacional no dia do funeral, no dia 05 de outubro.

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