DOIS DIAS E UMA NOITE A NADAR SEM PARAR
No passado fim-de-semana realizou-se, no complexo de piscinas de Guimarães, […]
No passado fim-de-semana realizou-se, no complexo de piscinas de Guimarães, a quinta edição dos 2016 minutos a nadar. No total foram 33 horas e 36 minutos em que houve sempre alguém na água a nadar.
“Tudo começou em 2012 com a Capital Europeia da Cultura”- explica Luís Rodrigues, diretor de instalações da Tempo Livre- “A Câmara Municipal de Guimarães desafiou-nos a criar uma iniciativa para nos associarmos e surgiu esta ideia”. Na altura foram 2012 minutos que entretanto continuaram a crescer, no ano seguinte foram 2013 minutos, por ocasião da Capital Europeia do Desporto, e dada a enorme aceitação da iniciativa por parte da comunidade manteve-se até hoje. No total já foram nadados mais de 10 mil minutos. O conceito é muito simples, é gratuito e a participação é acessível a todos, desde que saiba nadar de forma rudimentar.
Às 9h30 de sábado o cronómetro começou a contagem. O primeiro na água foi o campeão do mundo de atletismo adaptado Nelson Silva e, a partir desse momento, o desafio era manter sempre alguém na piscina a nadar. Para garantir a logística a organização fez inscrições antecipadas e associou ao evento uma competição de masters e um encontro de escolas de natação. Durante a manhã de sábado foram-se sucedendo crianças que, umas atrás da outra, lá iam cumprindo os seus 50 metros. A música animava as bancadas de onde os pais tiravam fotografias sempre que um dos seus entrava na piscina.
Ao longo do período crítico da noite nadaram os masters, numa competição entre várias equipas nacionais. O desafio consistia em saber qual seria a equipa que faria mais piscinas. Paralelamente ao evento principal decorreram as “16 horas a correr, pedalar e remar”, realizadas em passadeiras, bicicletas estáticas e remos “indoor”, em duas etapas, uma no sábado, outra no domingo.
Para encerrar o evento, a organização convidou alguns membros do grupo de dezassete refugiados que, em Fevereiro passado, chegaram a Guimarães.
Para encerrar o evento, a organização convidou alguns membros do grupo de dezassete refugiados que, em fevereiro passado, chegaram a Guimarães. Três eritreus e outros tantos sírios, todos do sexo masculino, aceitaram o desafio. Pouco passava das 18h00 e o grupo já estava pronto, em fato de banho, touca na cabeça, óculos de natação na testa a aguardar o momento de entrar na água. Os três eritreus falam pouco inglês, valia-lhes o Michael, um compatriota que não foi nadar mas serviu de intérprete. Os sírios vieram em família, Omar Hazza, de 21 anos e Mohamed Hazza, de 19 anos, vieram com o pai Hazza Hazza de 49 anos. Naturais da cidade de Homs, uma das mais flageladas pela guerra na Síria, chegaram a Guimarães há dois meses. “Gostamos muito da cidade e das pessoas”, diz o pai. Omar é recém-licenciado em engenharia mecânica e só pensa em aprender português para se poder integrar no mercado de trabalho. Esta família chegou a Portugal via Turquia, seguindo pela Grécia, ao passo que os eritreus entraram na Europa por Itália, vindos da Líbia.
Dos seis participantes convidados acabou por ser o mais velho, o chefe da família Hazza, aquele que revelou dotes de melhor nadador. Na realidade todos os outros nadavam muito mal, mas isto salienta ainda mais o espírito de integração com que se esforçaram para participar na iniciativa. Alguns dos presentes terão parado para pensar, nem que tenha sido só por um instante, quando os nadadores se debatiam para atravessar os escassos 25 metros de plano de água, nas imagens do mediterrâneo. Felizmente aqui era tudo a brincar.
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