FLORA (ÚLTIMA PARTE)

por JÚLIO BORGES Docente Decifrar o código não haveria de ser […]

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por JÚLIO BORGES

Docente

Decifrar o código não haveria de ser difícil. Contabilizando seis letras para a esquerda no alfabeto e conseguiria descodificar a enigmática mensagem.

Alguém se havia dado ao trabalho de criar códigos diferentes para as mensagens. Encriptar, codificar, mensagens tão misteriosas tinha algo de fantástico. Sempre se deliciara com códigos, mensagens, mistérios. Talvez por isso gostasse tanto de informática. Parecia um contrassenso mas a informática é composta por linguagens repletas de códigos e pequenas mensagens encriptadas para o comum mortal, mas que revelam um mundo de possibilidades, apenas disponível para quem possui a chave descodificadora, podendo, posteriormente, facilitar a vida de todos.

Enquanto matutava nestes funcionalidades dos códigos e linguagens informáticas o dia foi-se aproximando do fim. O sol estava quase a pôr-se. Decidiu então Flora cumprir as instruções do código gravado na rocha

 

“PARA O TESOURO ENCONTRARES BATE NA ROCHA A DIFERENÇA ENTRE O DOBRO DE SEIS E TRÊS”

 

Procurou algo para bater na rocha.

Um solo seco, repleto de pó e insetos! Alguns dias atrás nem tocaria na terra, quanto mais procurar algo “onde os bichos vivem”.

Depois de perscrutar o solo em seu redor encontrou uma pedra que cumpriria a tarefa sem problemas. Percorreu o terreno em redor da rocha e do marco geodésico. No cimento, uma pequena concavidade seria, porventura, o local ideal para tentar descobrir o tesouro.

“Qual seria o tesouro?”, pensou.

A expetativa fazia fervilhar a sua curiosidade. Flora saboreou aquele momento longamente. “Qual seria o tesouro?”

Bateu uma primeira vez na rocha. O som de rocha contra rocha ecoou na paisagem, como um chamamento.

Bateu uma segunda vez. O vento soprou na floresta. A ramagem dos carvalhos parecia rejubilar com aquele eco, como que um renascer da imobilidade em que se encontrava.

À terceira pancada, rocha contra rocha, mineral contra mineral, ouviu-se, ao longe, um trovão, como resposta à chamada. O céu escureceu, as nuvens surgiram carregadas.

A cada pancada a paisagem, a natureza, parecia que todo o planeta, sentiam a expetativa sentida por Flora. Sentiam a sua curiosidade e o medo sentidos pela jovem, que poucos dias atrás se ocultava do mundo, mostrando-se em fotografias e presenças virtuais. A jovem que até à descoberta do diário de Florindo Flores detestava aventura e natureza. A natureza, Flora, medo, expetativa, curiosidade eram um só.

A última pancada ecoou até ao bosque varrendo a folhagem. As ondas sonoras afastaram-se do marco em círculos perfeitos arrastando tudo para longe. Subitamente o vento parou, as árvores quedaram -se imóveis, silenciosas.

Flora afasta-se. O que viria a acontecer seria culpa dela. O diário nada fazia referência ao após a solução do enigma. Apenas ela dera esse passo.

A rocha rachou do cimo à base. O cimento tornou-se pó. A terra abriu de par em par.

Da crosta terrestre um pedestal de madeira velha, seca, surgiu à superfície. Estava maravilhosamente trabalhado. As inscrições também elas codificadas, traziam uma mensagem incrível.

 

D WHUUD VRPRV QRV. QDV XP SXQKDGP GH SR. QDV XPD PDR GH URFKDV D WHUUD VRPRV WRGRV (+3; -6)

 

Ilustração: Bárbara Correia da Silva 

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