ILDA PEREIRA A PEDALAR PELO MUNDO
Uma prova de 650 Km, nos Himalaias, com 15 mil metros de elevação acumulada, é aqui que Ilda Pereira está confortável. O ano passado foi segunda nesta prova que reúne atletas de elite mundial, este ano o objetivo é o Campeonato do Mundo de Maratona.
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Uma prova de 650 Km, nos Himalaias, com 15 mil metros de elevação acumulada, é aqui que Ilda Pereira está confortável. O ano passado foi segunda nesta prova que reúne atletas de elite mundial, este ano o objetivo é o Campeonato do Mundo de Maratona.
Quando casou com Bruno Magalhães, em 2006, Ilda Pereira não sabia que também estava a casar com o BTT. “Já sabia que ele gostava, não me tinha apercebido que ele gostava tanto”, explica a atleta internacional de BTT. Ilda sempre foi desportista e teve até algum tempo na vida militar, na Força Aérea, porém, “nunca tinha andado de bicicleta, verdadeiramente nem sabia muito bem andar”. Começou por acompanhar o marido nas provas e depois também nos treinos. Sem querer e sem pensar no assunto muito seriamente foi ganhando forma. Quando ia às provas aproveitava para treinar nas pistas, mas não participava, ficava de fora a incentivar.
Um dia, depois de a verem treinar, desafiaram-na a participar. “Não estava inscrita nem tinha equipamento, só tinha ido para a pista para treinar”, explica Ilda sobre a sua primeira experiência. O certo é que o comissário permitiu a participação da atleta e assim se ganhou uma ciclista. Nessa prova de XCO (vertente olímpica do BTT), “sem saber o que era a competição”, fez terceiro lugar. “No final, quando estávamos para ir embora, foram-me chamar porque tinha que ir ao pódio, eu nem sabia em que lugar tinha ficado”. O certo é que Ilda gostou da experiência e a partir desse momento passou a levar o ciclismo mais a sério.
O primeiro passo foi mudar de uma confortável bicicleta de suspensão total, óptima para passear e para fazer umas descidas em “freeride”, mas demasiado pesada para lutar por vitórias, por uma verdadeira máquina de competição. O ano de 2008 devia ter sido o primeiro a sério, mas uma lesão acabou por adiar a primeira época a sério para 2009. Logo em 2010 veio a primeira vitória no Campeonato Regional do Minho que repetiu em 2011, em 2012 e em 2013 (tetracampeã). No ano de 2012, além de ser primeira no XCO do Minho, ainda conseguiu ser segunda classificada em XCM (maratonas) e campeã regional de estrada. Em 2013 foi vice-campeã nacional de XCO e, para provar que a bicicleta é o seu meio natural, foi terceira classificada no campeonato regional do Minho de DH.
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Com estes resultados a internacionalização surgiu naturalmente, em 2014. Pela equipa nacional, em 2014, participou na Duranguesa Emakumeen Saria e no Tour of Gipuzkoa, onde foi líder da montanha. Em 2015 foi a França fazer uma prova das World Marathon Series (provas que pontuam para os campeonatos da Europa e do mundo de maratonas), fez 10ª e tomou o gosto. Acabou por fazer mais três provas das WMS, foi quinta em Meda, segunda em Manteigas (primeira portuguesa) e primeira em Nuvali, nas Filipinas. Entrou em 2016 como 17ª do ranking UCI.
Ilda Pereira volta este ano à estrada, depois de uma paragem de um ano. Vai representar a equipa espanhola BZK EmaKumeen Bira Probasic, depois de em 2014 se ter evidenciado no Tour of Gipuzkoa (volta ao País Basco). “Este será um ano de aprendizagem, visto que a realidade da modalidade está sempre a evoluir e o principal objetivo é retomar o trabalho que vinha a ser feito até aqui”.
A prova de que fala com mais saudade, e até com algum carinho, é a Hero MTB Himalaya, uma prova realizada na mais alta cordilheira do mundo, com 8 etapas, 650 Km e 15 mil metros de elevação acumulada. “Fui com um convite da organização, de outra forma não teria sido possível”, afirma Ilda, salientando a principal dificuldade para o desenvolvimento da sua carreira: a falta de apoios. Para garantir pontos para estar nos Campeonatos da Europa e do Mundo, em junho deste ano, precisa de marcar pontos nas provas das WMS, porém, estas provas realizam-se por todo o mundo e o orçamento é curto para todas as necessidades. Com a ajuda familiar, do BTT-Torcatense, dos patrocinadores e da CMG, estão garantidas as participações nas provas da Roménia, da Bélgica, de Espanha e de Portugal (Meda). “Há um convite da organização para fazer uma prova em Axará, no Brasil, mas não tenho verba para a viagem”, lamenta a atleta.
É tempo de voltar aos rolos, lá fora uma autêntica tempestade impede os ciclistas de saírem há vários dias, mas os treinos, duas vezes por dia, continuam, para quem encara a modalidade como uma profissão. O combinado era fazer umas fotografias em treino, fica adiado para outra oportunidade.
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