ISTO ANDA TUDO LIGADO…

Por Rui Armindo Freitas

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por RUI ARMINDO FREITAS
Economista

Na última reunião de executivo municipal, o presidente da Câmara Municipal, afirmou que o comércio em Guimarães não está bem. Ou seja, somos levados a perceber das suas palavras que não está bem comparativamente com os concelhos vizinhos com os quais concorremos directamente. Afirmou também que o comércio nunca foi a força motriz da economia vimaranense. Ora se em relação à primeira afirmação posso estar de acordo, já a segunda é a demonstração do total desconhecimento da história da economia vimaranense pós-revolução industrial, tardia pelas nossas bandas. Deveria saber Domingos Bragança, ou procurar saber, que a indústria vimaranense que floresceu no século XX em Guimarães, teve a sua génese nos grandes armazéns que por cá existiram e que, alguns deles bem conhecidos, chegaram a ser referências Ibéricas, fosse em têxtil fosse em mobiliário. Deveria também não esquecer que o comércio de linhos em Guimarães gozou, ao longo de grande parte do Sec. XX, de reconhecimento nacional. Que os grandes investimentos industriais que impulsionaram a região tinham como dinamizadores os grandes comerciantes, que apostaram na produção dos próprios produtos que comercializavam, para assim prosperarem ainda mais. Pois é, em economia não há realidades estanques, tudo anda ligado, e como já venho a dizer há largos anos na Assembleia Municipal e por mais que uma vez neste espaço, os executivos municipais têm hoje um papel fundamental para a promoção das suas economias. Assim, se no passado toda aquela inovação trouxe melhoria de condições de vida, atracção de população dos concelhos vizinhos e o consequente aumento de poder de compra, levando ao florescimento do comércio e das demais actividades em Guimarães, hoje presenciamos o inverso. O modelo de crescimento da economia vimaranense está alicerçado numa herança centenária, sendo que são apenas os nossos empresários os responsáveis pelo seu próprio sucesso. As grandes mudanças estruturais acontecem quando os líderes políticos têm visão para operar mudanças, veja-se o que acontece nos concelhos vizinhos. Para além de Braga, onde sabemos que foram capazes de atrair investimento estrangeiro que permitiu por debaixo do mesmo tecto cerca de 600 engenheiros, na Bosch, agora ficamos a saber que a Airbus vai instalar uma subsidiária em Santo Tirso. Volto a repetir que Famalicão tem as já conhecidas Continental, Leica e Santo Tirso já tinha atraído a Weg, a plataforma logística do Lidl, que Braga tem a Fujitsu, para além de todas terem também um tecido económico tradicional muito parecido com o nosso. Mas, como em economia tudo está ligado, imagine-se o efeito multiplicador nas comunidades locais de investimentos desta grandeza, quando, em Guimarães nem um espaço teríamos para as albergar. Saiba o caro leitor que em Santo Tirso apenas, no mesmo parque industrial estará a Airbus com 70 000m2, a Lidl com 50 000m2, a Weg com 40 000m2 entre outras empresas com dimensões mínimas de 10 000m2, sim caro leitor, tudo no mesmo parque. Em Guimarães, a minha pergunta é, onde albergaríamos, não todas como em Santo Tirso, mas apenas uma? É claro que depois, o comércio, como diz Domingos Bragança, não está bem. Bem pode fechar as ruas que entender, construir os parques de estacionamento que quiser, que enquanto não olhar à economia vimaranense como um todo e nem tão pouco tiver respeito pela herança comercial que os nosso aguerridos comerciantes construíram, não vamos lá. O que faz falta, mais do que ruas pedonais, para atrair grande marcas e reforçar o comércio local, como propalam, é fazer com que a nossa terra seja capaz de atrair mais investimento e com isso mais população, com crescimento económico e mais poder de compra. Porque no fim do dia, como dizia o Sérgio Godinho, isto anda tudo ligado.

 

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