NÃO ENTRAR EM MEDICINA É CADA VEZ MAIS OPÇÃO

por Carlos Guimarães, MédicoSou médico, sempre fui e continuarei a […]

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por Carlos Guimarães,

MédicoSou médico, sempre fui e continuarei a ser até um dia. Não gosto e nunca apreciei que me tratassem por senhor doutor. Procuro sobretudo entender as pessoas e aliviá-las sempre que posso, confesso que às vezes é difícil. Aplico na minha prática clinica cerca de 10% daquilo que aprendi na faculdade, acho que todos os médicos o fazem. Não quero com isto dizer que a universidade é inútil, antes pelo contrário, é fundamental. Mas da universidade não sai um único médico, saem apenas licenciados em medicina. Esta licenciatura foi durante anos a mais desejada de todas, por vocação própria e por vocação forjada na tempera da pressão familiar. Em tempos recentes era praticamente assumido que uma boa média no secundário era uma via obrigatória para medicina. Não o fazer era um desperdício. Vivemos durante anos mergulhados nesta idiotice.

Presumo que lentamente as coisas estão a mudar. O curso de medicina é fácil. Dá trabalho mas é fácil. Ser médico é mais difícil. A caminhada até ao fim dura 10 a 12 anos e ainda tem pelo meio um exame de acesso à especialidade que representa uma longa maratona percorrida com as pernas de um velocista. Uma caminhada num percurso pedregoso, minado, esburacado e por vezes escorregadio. Um trabalho nunca inferior a 50 horas semanais e muitas horas de estudo extra. Um vencimento razoável, muitas bactérias, vírus, exploração pelos colegas mais velhos, porrada de todos os lados. É preciso ser forte. Quando finalmente se é médico, o cartão de cidadão mostra mais de trinta anos e um futuro incerto como todos os futuros. Os estudantes já se aperceberam disso, conhecem exemplos de proximidade e não querem esta vida. Muitos ainda querem e ainda bem, o país precisa e a europa também. Uma europa que se vem assumindo cada vez mais dona dos destinos dos médicos portugueses. Portugal paga caro para formar um médico, a europa compra a custo zero. Este tipo de negócio é recorrente na nossa História!

Eu entendo bem as escolhas dos jovens inteligentes que primaram pelas áreas tecnológicas. O conhecimento será a principal riqueza dos estados. Eles sabem que é assim, o estado não.

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