O tempo da economia solidária
Por Rui Armindo Freitas.
por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de Empresas
Há um mês, quando escrevia para este mesmo jornal, a realidade já deixava antecipar que a situação presente nos iria colocar à prova. De facto as implicações desta pandemia estão longe de estar todas identificadas, todos os dias alguma dimensão que sempre demos por garantida é posta em causa. Nos dias de hoje os nossos governantes estão a ser dramaticamente colocados num dilema, se por um lado são instados a instaurar medidas drásticas de confinamento social, por outro sabem bem que as consequências económicas e sociais que daí advêm são extraordinariamente sérias, levando mesmo alguns a afirmar que poderão ser piores do que a própria cura. Quanto a mim, com formação em Economia mas com educação, como todos no mundo Ocidental, com uma profunda influência cristã, o valor da vida humana jamais será sobreposto pelo valor da economia. Contudo, convém não esquecer o impacto também na vida humana, que um abrandamento global desta magnitude poderá ter sobre a vida de todos. A vida contemporânea que temos (ou tínhamos), onde foi possível que tantos vivessem tão bem, toda ela foi alicerçada no conceito de desenvolvimento económico. O desenvolvimento económico, que comporta crescimento económico e desenvolvimento social, foram decorrências de um mundo que, no pós Guerra, assentou maioritariamente no modelo capitalista como forma de organização da sociedade, ora mais democrático e social ora mais selvagem e agressivo. Contudo foi invariavelmente aí que até aos dias de hoje se viveu melhor, não foi nos países comunistas e de direccção central, onde o foco é o Estado e não o indivíduo, não foi nos países totalitários onde a ausência de liberdade e atropelo os direitos individuais tornaram a vida um inferno. Por isso, o sistema que conhecemos de liberdades e garantias, de direitos e deveres, de organização da sociedade contemporânea e do mundo ocidental em particular, estão a ser colocados perante um desafio vital para o futuro de todos. Por estes dias, é fácil aparecerem discursos que facilmente captam a nossa atenção e que advogam a retirada de direitos fundamentais em nome de um bem maior. Que advogam a limitação da economia e, pasme-se, mesmo moderados, ou quasi, pelo menos assim se definiam, a advogarem a quase criminalização dos rendimentos de capitais. Esquecem-se que o lucro, sempre representou a forma de medir o valor acrescentado que homens e mulheres, cada um no seu posto de trabalho dão à sociedade. Os lucros não são dos patrões, como tantos gostam de apregoar, os lucros são da economia, são de todos quantos beneficiam do valor acrescentado que é gerado. Por isso tudo isto deve ser contraposto com economia solidária! Não, não vivemos tempos normais, sim, são necessárias medidas emergentes que temporariamente garantam o bem geral, mas julgo que a grande maioria de nós quer as nossas vidas de volta! Assim, é o tempo de patrões ajudarem e serem ajudados, colaboradores ajudarem e serem ajudados, senhorios ajudarem e serem ajudados, de fornecedores e clientes partilharem dificuldades e se ajudarem mutuamente. É tempo de bancos ajudarem e serem ajudados, é tempo de termos as escolas e as universidades a excederem-se, das forças de segurança, mas acima de quaisquer outros, todo o corpo que compõe o sistema de saúde, público e privado, com a nossa ajuda, mostrar o melhor de nós! Por isso, e esperando que tudo isto seja transitório, moratórias não são perdões, vendas não são doações, e prestação de serviços não é caridade. Temos sim, de ter um clima de unidade económica, não criar clivagens entre agentes económicos, mas perceber, que nesta fase todos somos cruciais para termos a nossa vida de volta, com as mesmas liberdades e garantias, com a possibilidade de sonhar intacta após o término deste pesadelo. Desejo, como nunca, o melhor para todos nós.
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