PAN PAN, QUEIJO QUEIJO

Por António Rocha e Costa.

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Por António Rocha e CostaEscrevo esta crónica a 26 de Agosto, data em que se celebra o “Dia mundial do cão”, uma bizarra modernice inventada pelos alegados defensores das causas naturalistas, os quais, seguindo um critério não discriminatório para com os restantes animais, não encontrariam no calendário gregoriano, dias suficientes para dedicar a cada um deles.

Antes de me alongar mais, gostaria de fazer desde já uma declaração prévia: desde sempre convivemos com animais lá em casa, sobretudo cães e gatos, em perfeita harmonia e no respeito pelos espaços, hábitos e idiossincrasias de cada um dos elementos do agregado familiar, que inclui naturalmente os parceiros de quatro patas. Tal não nos impede de ter sempre em conta que “homem é homem, cão é cão”.

Porém, no mundo às avessas em que vivemos vai grassando uma confusão de conceitos que contrariam a Ordem estabelecida, procurando substituí-la por uma nova Ordem, cujos sinais emergentes vão já aflorando aqui e além.

Senão vejamos: os homens do sindicato dos motoristas de matérias inflamáveis tiveram como porta-voz e estratega, até há bem pouco tempo, um refinado Pardal, enquanto os animais, sem que tenham passado qualquer procuração, são representados por um humano, de seu nome André Silva, líder do PAN, partido que se propõe defender os direitos dos animais, das plantas e, quiçá, das pedras.

Sem colocar em dúvida a convicção e o empenho que ambos os protagonistas põem nas causas que defendem, a verdade é que não conseguem disfarçar os reais objectivos e motivações, que passam por uma carreira política. Não que isso em si seja motivo de reprovação e seria até absolutamente legítimo e louvável, não fora os meios usados para atingir os fins. Ou seja: fazer do amor aos animais ou ao sindicalismo um trampolim para alcançar um lugar nas cadeiras do poder, não será, em minha opinião, a melhor forma de defender e preservar os interesses e a imagem do objecto amado.

Por estes dias, Pardal Henriques ganhou asas e migrou para o Partido de Marinho e Pinto, que já tinha o “ninho” preparado para receber esta ave de arribação.

Por seu lado, André Silva, numa entrevista À revista “Visão”, defende entre outras propostas, a criação de um Serviço Nacional de Saúde para cães e gatos.

Por muita estima que se possa ter pelos cães e gatos, além de outros animais igualmente respeitáveis, não podemos esquecer de que na hierarquia de valores e prioridades, ainda são os humanos a ocupar o lugar principal e o líder do PAN sabe muito bem que o nosso Serviço Nacional de Saúde está cada vez mais longe de suprir as necessidades dos cidadãos.
Por estas e por outras, enquanto não for instaurada uma nova Ordem e um novo paradigma, o que espero nunca venha a acontecer, continua a vigorar a velha máxima que tem norteado as relações homens-animais e que se traduz mais ou menos nisto: “PAN PAN, QUEIJO QUEIJO”, o que equivale a dizer “cada macaco no seu galho”.

Subsiste mesmo assim a preocupação e o receio de virmos a verificar que estes novos profetas, um misto de encantadores de cobras e de vendedores de sonhos, têm cada vez mais seguidores: uns mais ignorantes e acríticos, outros mais esclarecidos, mas fanáticos.

Diferente, mas igualmente oportunista é o comportamento do nosso primeiro-ministro e líder do PS, que vendo poucas hipóteses de alcançar a maioria absoluta nas próximas eleições, e querendo libertar-se das amarras da Geringonça, vai piscando o olho ao PAN. Também aqui, usando um conhecido aforismo se pode afirmar: “Quem não tem cão, caça com gato”, sendo que para o PAN é completamente indiferente.

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