PEDRO GIL: A CAMINHO DO CAMPEONATO DA EUROPA DE XADREZ
Em 2014, quando o pai lhe ensinou a jogar xadrez não fazia a mínima ideia que estava alcançar o filho na aventura de uma vida. “O meu pai sabia basicamente movimentar as peças”, diz Pedro Gil no seu to pausado, que seria de esperar de alguém um pouco mais velho. O sorriso, porém, é ainda o da meninice. Provou e gostou, queria jogar mais. Os pais procuraram clubes por perto - vivem em Airão - mas não encontraram.
Em 2014, quando o pai lhe ensinou a jogar xadrez não fazia a mínima ideia que estava alcançar o filho na aventura de uma vida. “O meu pai sabia basicamente movimentar as peças”, diz Pedro Gil no seu to pausado, que seria de esperar de alguém um pouco mais velho. O sorriso, porém, é ainda o da meninice. Provou e gostou, queria jogar mais. Os pais procuraram clubes por perto – vivem em Airão – mas não encontraram.Valeu a pena. Pedro Gil foi 14º classificado no primeiro campeonato nacional em que participou, em 2015, no escalão sub 10, no ano seguinte, no primeiro ano do escalão superior, com apenas 11 anos, foi 4º nos sub 12, para em 2017 chegar ao primeiro lugar. Uma progressão só possível com horas de treino. As noites de sexta-feira são no clube e as tardes de domingo são destinadas às aulas particulares. Para jogar ao seu nível, Pedro Gil, tem que ir a torneios. Esta é uma das limitações ao desenvolvimento da modalidade. O reduzido número de clubes e de jogadores faz com que não existam muitas oportunidades de competir com jogadores do mesmo nível, ou de preferência superiores, principalmente do mesmo escalão. Frequentemente os torneios a nível regional são realizados numa categoria absoluta, o que coloca crianças as jogar com adultos.
O xadrez é um jogo de concentração e memória. Memória para decorar as jogadas e concentração para não perder o foco no jogo e no tempo que pode ser determinante, que o diga Pedro Gil. “No último torneio em Famalicão perdi por tempo”, diz um pouco desiludido mas sem perder o sorriso. Sobre o que faz nos treinos Pedro Gil explica: “é preciso saber muitas aberturas (formas de começar o jogo), depois cada abertura tem variantes e para cada variante é preciso decorar 15 a 20 lances”. Relativamente aos finais é preciso fazer a mesma coisa, portanto, muitas das vezes nos treinos é isto que se faz mais do que jogar.A mãe está contente porque os filhos são felizes a jogarem xadrez, mas também com os resultados escolares que melhoraram. “Principalmente a matemática”, confirma Pedro Gil. A mãe diz porque: “jogar durante quatro horas, permanentemente concentrado, no jogo e no tempo, sempre sentado numa cadeira, sem ver luz do dia, dá uma capacidade de concentração que não é vulgar num menino desta idade, claro que isto depois se reflete na escola”.
Mas não se pense que um jogador de xadrez é um ermita que vive fechado em casa. Enquanto fizemos a entrevista, num breve intervalo, Pedro Gil aproveitou para ir ao quintal dar uns xutos numa bola. “No campeonato nacional ia todos os dias à piscina”, diz Pedro Gil. O jovem joga voleibol e faz natação e afirma que se não estiver bem fisicamente, principalmente em termos de sono, não consegue dar o seu melhor no jogo.
Pedro Gil está selecionado para representar Portugal no campeonato da Europa, na Roménia, em setembro. O objetivo é participar e adquirir experiência, até porque será dos jogadores presentes, o que se apresenta com um ELO (ranking que mede a força relativa do jogador) mais baixo. Outros participantes, principalmente os do leste da Europa, já jogam desde os cinco anos.
Pedro Gil não vai poder acompanhar o Guimarães Chess Open 2017, que se realiza em Guimarães, entre 02 e 06 de setembro, na mesma altura em que o campeão português está na Roménia a disputar o europeu.
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