Por Eliseu Sampaio,
Diretor do grupo Mais GuimarãesAssim de repente, quando confrontados com realidades que nos são novas, o mundo pode virar ao contrário. As mudanças, pequenas que sejam, são sempre mudanças, estranhas, e precisamos de algum tempo para as compreender e assimilar.

Este foi um agosto atípico, sobretudo a segunda quinzena. E não, não estou a falar do praticamente deserto em que tornou a cidade nesta altura do ano, em que tantas outras cidades se enchem de turistas e veraneantes que procuram ocupar da melhor forma as suas férias. Neste aspeto, Guimarães continua a passar ao lado das opções, e neste período passou ainda mais. Foi demais!

Falo de insegurança. Numa cidade pacata, conservadora, tranquila, em que todos se conhecem e vão cuidando do bem estar comum, surgiram episódios que nos atormentam. Em menos de uma semana, foi notícia uma tentativa de violação na ecovia, na freguesia da Costa, um assalto violento em Creixomil e uma violação de uma jovem de 21 anos na rua José Sampaio, no centro da cidade.

A nossa vida virou ao contrário, e sair à rua, sobretudo durante a noite, deixou de ser o mesmo. São jovens que já não saem, mães que ficam à janela ou de credo na mão, pais que as esperam e uma comunidade em sentido de alerta, inquieta. Todos ficamos mais atentos e vigilantes e também disponíveis para, ao menor sinal atuar, com o número da polícia numa mão e a justiça à moda de Fafe na outra. É assustador pensar que viver assim pode ser futuro.

Esta terça-feira foi notícia que o Polícia Judiciária deteve um suspeito da violação da jovem na semana passada no centro da cidade, e isso deixou-nos um pouco mais aliviados. No entanto, e porque é só um suspeito e foram vários crimes, vai demorar a recuperar a confiança que, neste casos como noutros, demora a regressar quando é colocada em causa. E quando volta, nunca é a mesma coisa!

Venha setembro e voltemos às nossas vidas, esperando que um pouco mais tranquilos.