RAFAEL OLIVEIRA

Por Nuno Rafael Gomes.

rafael oliveira

Nome completo
Rafael Oliveira

Nascimento
22 de setembro de 1996, Guimarães

Profissão
Pintor

A carreira artística de Rafael Oliveira ainda é jovem — e ele ainda é jovem, também —, mas os contornos vão ganhando nitidez e a tela vai-se preenchendo, aqui e ali, de conquistas que lhe permitem continuar a olhar uma tela de futuro de frente. O vimaranense, de 23 anos, é um dos selecionados para expor na Zet Gallery, em Braga, numa mostra que reúne “só alunos convidados” da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). A galeria, que conjuga o marketing digital com “o modelo mais tradicional de uma galeria de arte”, funciona como uma plataforma de divulgação de artistas e de arte contemporânea. Foi na academia portuense que Rafael se formou em Artes Plásticas, na vertente de Pintura. O artista apresentará “entre seis a sete peças” na exposição, que inaugura a 18 de janeiro e estará disponível para visita até 07 de março.

Encontrámo-lo, pela primeira vez, na edição do Noc Noc deste ano. Os corpos cansados, os espaços transitórios, a dor e a decadência atraíam os curiosos à exposição de Rafael Oliveira, que, na altura, explicava ao Mais Guimarães o fio condutor da sua obra: “O meu projeto anda em volta da fragilidade da vida. Da finitude.” Hoje, e focado na exposição a ser inaugurada na Zet Gallery, o vimaranense explica que uma das suas principais temáticas remete para “espaços interiores” — muito através de “edifícios completamente destruídos” e de outros “com alguma deterioração”.

A fragilidade das coisas parece ser sempre a base do que o artista vai criando. E isso vem, em parte, da sua própria vivência. “Deve ter iniciado no meu contexto familiar. Desde muito novo tenho algum receio da morte, da passagem do tempo. De alguns entes queridos partirem e não entender o porquê”, explica. Por isso, os edifícios remetem para essa questão: há “uma ausência da figura”. E “não é preciso falar muito para se entender”. No silêncio, que “fala por si”, cabe a interpretação de uma obra “já em si muito ruidosa visualmente”. Por isso, “se não houver apaziguamento, não se vai conseguir reter a mensagem” que Rafael quer transmitir. Isso não quer dizer que todas as obras sejam iguais — o artista deambula por tonalidades mais frias e mais quentes, ainda que, “de modo inconsciente”, prefira fugir dos tons frios. E, assim, mora numa obra a frieza da ausência do corpo e da destruição, mas também o calor das cores.

Esse “mecanismo especial” que é a cultura

O talento já lhe valeu outros reconhecimentos. Venceu o Grande Prémio Tapeçarias Ferreira de Sá com a obra “It Was Yesterday” na Bienal Internacional de Arte de Espinho em abril do ano passado. E o prémio permitiu-lhe “estar a trabalhar a full time na área” — ainda que se tenha vindo a “estabelecer de forma muito frágil e inconstante”. “Há meses em que as coisas correm bem, dois ou três em que não se passa nada”, explica, reconhecendo que esta “tem sido uma batalha diária”. Contudo, prefere acreditar: “Espero conseguir fazer disto, vida.”

Porque não é fácil. “Por muito que me aplique, por vezes, sinto-me desvalorizado. A qualidade da produção e do meu material falam por si, mas nãos sinto que exista um reconhecimento proporcional”, considera. “A pintura, no panorama nacional, não recebe o devido valor. Fico um pouco triste com isso. Se pensarmos, seja através da música, literatura, desenho, pintura, escultura, as sociedades evoluíram sempre através desse mecanismo especial que é a cultura”, diz. Para Rafael, “as pessoas não dão valor e muitas vezes não compreendem o porquê de a pintura mudar certas atitudes, de a música inspirar ou de outra forma de arte alterar o estado de espírito”. Alterar isso passa, para o pintor, por “uma reformulação cultural em Portugal”. E também em Guimarães, onde gostaria de expor mais.

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