SKATING GUIMARÃES
O Skate há muito que deixou de ser coisa de […]
O Skate há muito que deixou de ser coisa de miúdos. A modalidade surgiu nos anos 1960 na Califórnia, pela mão dos surfistas. Desde essa altura a modalidade amadureceu e foi anunciada pelo Comité Olímpico Internacional como modalidade de demonstração nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Não há muitos anos era raro ver alguém com mais de 16 anos a fazer skate. A modalidade era mal vista e com o passar dos anos os praticantes procuravam afastar-se dos conflitos que se geram com transeuntes, polícias e vizinhos. Os skaters recorrem muitas vezes aos obstáculos criados pelo meio urbano para poderem fazer as suas manobras. Por vezes provocam danos em bancos, corrimões e passeios. “Fazem muito barulho” é a principal queixa de uma moradora da praceta Dr. Francisco Sá Carneiro, onde alguns skaters se juntam regularmente. Porém a imagem do skater como um fora da lei parece ter desaparecido. A mesma moradora concorda que “são bons rapazes, deviam era ter um sítio próprio para ir fazer estas coisas, que até são muito bonitas”.
“O que falta em Guimarães é um skate park” Diogo Passos
Diogo, um dos skaters mais velhos e proprietário de uma loja especializada em material para a modalidade, concorda. “O que falta em Guimarães é um skate park”, diz o skater que foi um dos precursores da modalidade na cidade. “Antigamente quando éramos poucos, alugávamos uma carrinha de nove lugares e íamos para Ermesinde, para Aveiro ou para a Póvoa do Varzim. Agora já somos muitos e quando vamos temos de ir de comboio”. Sem grandes formalidades, como é próprio da modalidade, Diogo e companhia já são um grupo de mais de 80 skaters. O skate tem esta vertente “on the road” que herdou do surf. Os praticantes metem-se à estrada e vão procurar spots em outras cidades para estarem em contacto com outros skaters, para rolarem em diferentes condições e para conviverem. “É uma forma de turismo desportivo”, explica a funcionária de uma loja da especialidade e acrescenta que “muitos turistas ficam surpreendidos por não haver um spot para fazer skate na cidade de Guimarães”.
Os skaters juntam-se aos fins de semana em volta do Estádio D. Afonso Henriques. A arquitetura do espaço convida às manobras mais variadas. Alguns já arrancam umas manobras que parecem saídas de um canal de desportos radicais. O skate é um desporto de perícia e precisão, antes de uma nova manobra bem-sucedida é preciso uma longa série de tentativas falhadas. Os skaters são sempre gente perseverante, habituada a pagar os erros com dores no corpo. As câmaras de filmar e os telemóveis são omnipresentes para imortalizar o momento em que se consegue “aquela manobra”. São unânimes quando afirmam que poderiam chegar mais longe se tivessem mais condições na cidade. Diogo vai mesmo mais longe quando critica “uma cidade que foi Capital Europeia do Desporto e que não tem o local para fazer skate”.
“Será levada a reunião de Câmara, no próximo dia 08 de setembro, uma proposta para a construção de um parque radical” Amadeu Portilha
Embora ainda sem desvendar os contornos finais do projeto, o vereador do desporto, Amadeu Portilha, afirmou que será levada a reunião de Câmara, no próximo dia 08 de setembro, uma proposta para a construção de um parque radical que, entre outras valências, terá um spot para a prática do skate. Da mesma forma como chegaram, desordenadamente, vindos uns de cada lado, ao fim da tarde de sábado, os skaters vão abandonando o Afonso Henriques, nem é preciso marcar novo encontro, no próximo fim de semana lá estarão de novo, até chegar o prometido parque.
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