Um Plano Ferroviário inclinado…

Por César Teixeira.

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Por César Teixeira.

O concelho de Guimarães tem problemas estruturais de mobilidade. Seja de mobilidade no interior da Cidade. Seja quanto à ligação entre as freguesias e a Cidade. Seja nas ligações do concelho para o exterior, nomeadamente ao nível ferroviário.

Quem aqui vive, ou trabalha, sabe o tempo que perde quando tem de fazer deslocações no interior do concelho. Pouco ou nada evoluímos na solução dos problemas rodoviários. Que estão há muito diagnosticados. As ligações entre a Cidade e as Vilas de Ronfe, Taipas e Lordelo, nomeadamente, são um teste à nossa paciência e resistência.

Outro problema estrutural do concelho de Guimarães é a lentidão da ligação ferroviária ao Porto. Uma ligação essencial. Que tem reflexo no aumento ou diminuição da nossa competitividade. Surpreendentemente e sem que se perceba o motivo, o PS de Guimarães desistiu da ligação ferroviária ao Porto. E definiu como objetivo estratégico o reforço da ligação de Guimarães a Braga. Uma opção errada. Com custos estratégicos irreversíveis.

Na ligação ferroviária ao Porto nós somos o concelho menos competitivo. Repare-se que: – Braga está no Porto com um Alfa em 36m; Barcelos em 40m, Famalicão em 21m e Guimarães, na melhor das hipóteses, em 54m. Sendo que num comboio urbano/regional a ligação pode demorar 1h15m. Dúvidas não restam que esta ligação não é competitiva se comparada outros meios de transporte.

Tentando enganar os desatentos, o Plano Ferroviário Nacional que está em discussão pública, propagandeia que Guimarães passa a estar a 2h15m de Lisboa. Mas isto não decorre de qualquer modernização da linha Porto/Guimarães! O tempo de viagem entre Porto e Lisboa é que irá diminuir. Mas nada acontece quanto ao tempo de viagem Guimarães/Porto. Que permanece inalterado. Passivamente a Câmara conforma-se. Sem um protesto ou um lamento.

Não se compreende como possa estar o País a pensar a 30 anos. Num plano para a ferrovia. E se esqueça de abordar qualquer reforma da linha Guimarães/Porto. Mais incompreensível: que os nossos representantes em Guimarães se esqueçam de querer colocar Guimarães no mapa da Ferrovia!

Guimarães tem de ser muito claro. A ligação a Braga não nos pode fazer esquecer de uma linha essencial e que não pode continuar como está. A ligação ao Porto é o eixo ferroviário para nós essencial.

A proposta do PS de Guimarães transformará uma viagem a Lisboa numa odisseia. Teremos de sair de Guimarães rumo a Norte em direção à futura estação de Alta Velocidade de Braga. Iremos através de Metrobus. Numa viagem que se prevê demore 45m! Ao fim dessa curta, mas longa viagem estaremos em condições de apanhar um comboio de alta velocidade em Braga com destino a Lisboa. Então sim, partiremos rumo ao sul. Entretanto já lá foi pelo menos, uma hora. Faz sentido? O leitor responde para si.

Que este debate retome o foco na nossa ligação ao Porto. Qualificar a linha do Porto. Aumentar da oferta de serviços mais rápidos. É prioritário e urge.

O Município revelou e revela nesta discussão falta de ambição, de visão estratégica e de peso político.

Os vimaranenses e as empresas que aqui exercem atividade têm também direito à sua qualidade de vida. Pagam os seus impostos. Produzem para a riqueza nacional.

É insustentável que Guimarães nada aborde a este nível. É inaceitável que se rejeitem investimentos para esta região com base em custos elevados dos projetos de requalificação ferroviária. Mas não se queixam dos custos elevados das obras feitas em Lisboa ou no Porto?

Os grandes investimentos não podem ficar apenas por Lisboa e Porto. Não nos poderemos resignar sem mostrarmos a nossa indignação e sem procurarmos fazer valer os nossos argumentos. E aqui o Município nada disse. Nada fez. Capitulou.

No passado dia 28 de fevereiro terminou o período de debate público do Plano Ferroviário Nacional.

O que tem Guimarães neste momento garantido para resolver os problemas de mobilidade dentro do concelho e na ligação aos principais eixos rodo e ferroviários?

Nada! Enquanto que o concelho de Braga já assegurou a linha de Alta de Velocidade no seu território. E financiamento publico para o Metro Bus que se prevê comece a circular já em 2023.

Guimarães é a Capital dos Estudos e Pareceres. O que falta para agir? Nesta matéria a falta de visão estratégica é evidente. E vai comprometer o nosso futuro no médio e longo prazo.

Enquanto nós andamos de estudo em estudo outros estão a concretizar. A tomar decisões. Em Guimarães o PS ainda não sabe bem o que quer. E ao longo dos anos mudou diversas vezes de posição.

Estamos para o Governo relegados para segundo plano em relação a Braga. Quando muito vamos recolher as migalhas do banquete ferroviário e estamos condenados a pedinchar uma eventual “extensão” do BRT de Braga!

Do mesmo Governo que, como já percebemos, decidiu a localização da estação de alta velocidade a noroeste de Braga, contra os interesses de Guimarães. Contra uma posição contrária que foi expressa pelo PS de Guimarães.

Infelizmente não vamos ver passar os comboios. Vamos mesmo vê-los parar num estação terminal e de segundo plano.

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