“Um presidente do Vitória não tem que ter medo de se expor e de comunicar”

António Miguel Cardoso, candidato da lista A “Mais Vitória” às eleições do Vitória Sport Clube, diz ser vitoriano desde que se lembra. Nasceu em Guimarães e desde os dois anos que o pai o leva ao Vitória. “Não tive hipótese senão ser de Vitória. É um orgulho enorme”, diz.

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António Miguel Cardoso, candidato da lista A “Mais Vitória” às eleições do Vitória Sport Clube, diz ser vitoriano desde que se lembra. Nasceu em Guimarães e desde os dois anos que o pai o leva ao Vitória. “Não tive hipótese senão ser de Vitória. É um orgulho enorme”, diz. Esteve nos Estados Unidos a estudar, num curso de gestão e marketing, enquanto jogava futebol na universidade. 

Foi candidato há três anos e foi o segundo melhor classificado em termos de votação, com mais de 30% da votação. Garra, rigor e transparência. Isto está a faltar ao Vitória?

Candidatei-me há três anos, uma decisão difícil na altura, mas porque sentia que nós podíamos perder o controlo da SAD e achei que faria sentido apresentar-me e defender aquilo que é o meu clube. Sobre a campanha Mais Vitória, acho que todos os vitorianos sentem que é preciso Mais Vitória. Acho que é indiscutível. Transparência, porque há coisas que são opacas. A atual direção, na altura das eleições, falou muito em transparência, falou muito em comunicação com os sócios para dentro e para fora, e isso não tem acontecido. Por isso, aquilo que nós defendemos é transparência. É importante que assim seja para que seja possível estarmos todos mais unidos. E se todos estivermos mais unidos, nós, sócios e os jogadores e todas as equipas de todas as modalidades, também teremos mais garra que é o segundo ponto que falamos. Sem a cultura de clube e sem os valores estarem bem implementados, essa garra muitas vezes não aparece. Temos sentido, sobretudo na equipa A de futebol que falta garra e essa garra vem da união. Daí entramos também numa área que achamos que, de alguma forma, tem sido mal trabalhada por esta direção, que é a questão financeira. Nessa área falamos de rigor e de mais critério, de uma gestão mais racional e pragmática daquilo que possa ser o futuro do Vitória.

Sente que é o momento de se tornar presidente do Vitória?

Eu acho que aquilo que é o mais importante é a forma como nós nos vemos como pessoas e os valores que vêm connosco desde a nossa infância. Aquele que é o meu sonho é que o Vitória, um dia que eu seja presidente e um dia que saia da direção e existam outras direções, seja muito mais forte, muito mais alinhado e, sobretudos muito mais unido.

Tenho uns pais que me deram excelentes valores. Por exemplo, a minha mãe e o meu pai não queriam que eu fizesse isto que eu fiz, que eu me candidatasse e tenho famílias e amigos que sabem que poderá ser mau para mim. Mas, ao mesmo tempo, todos eles já me conhecem há muitos anos e sabem o amor que eu tenho ao clube e sabem a minha forma de estar na vida. Estou aqui por isso mesmo, também. Acredito que é possível, de alguma forma, nós associarmos o desporto a outros valores que não aqueles que têm sido associados. Acho que isso é possível com outro tipo de verdade, quando nós não procuramos absolutamente mais nada que não seja aquilo que seja o crescimento do clube. É possível passar outra cultura de clube, o que vai fazer com que o Vitória esteja muito mais unido e que se identifique. Aquilo que eu quero é ver os sócios felizes e quero verdadeiramente que essa imagem que disse há pouco se altere no futebol.

É uma pessoa que anda muito por fora e quem sai de Guimarães e fala sobre o Vitória ouve, muitas vezes, uma opinião sobre o adepto do Vitória, do vitoriano, do membro da claque, que não é a melhor. Se for presidente do Vitória, vai tentar alterar, de alguma forma, esta visão que as pessoas têm de fora sobre quem vive tão intensamente como é o caso do adepto do Vitória?

Eu acho que, se for presidente do Vitória, vou potenciar esse amor dos vitorianos ao clube que eu acho que é isso que tem que ser: potenciado e comunicado de uma outra forma. Sou do tempo, obviamente que com as coisas mais positivas e negativas, de Pimenta Machado. De alguma forma, comunicava o Vitória a nível nacional e lá fora também. Hoje em dia nós temos uma liderança de alguém que não comunica Vitória, de alguém que não defende os interesses do Vitória. Fora de Guimarães, provavelmente ninguém sabe quem é o presidente do Vitória. Não é provavelmente, não sabem, não conhecem. Um presidente do Vitória não tem que ter medo de se expor, não tem que ter medo de comunicar.

Não consigo perspetivar o clube e o Vitória sem as claques nos jogos fora, jogos em casa. São tão importantes. Agora, é preciso é mudar padrões. É preciso que as pessoas entendam que tem que se caminhar num sentido diferente.

“É possível associar o desporto a outros valores que não aqueles que têm sido associados”

António Miguel Cardoso

Guimarães tem um estádio dentro da cidade, o que traz benefícios e também algo que muitas vezes não é tão favorável. Por exemplo, a cidade entra quase num estado de sítio quando acontecem jogos relevantes do Vitória no D. Afonso Henriques. Há algum projeto no seu programa que vise alterar isto e transformar os jogos não numa quase batalha entre adeptos de clubes de dimensão e os adeptos de Vitória, mas numa festa, como provavelmente já viu acontecer?

Aquilo que eu quero é ver os adeptos de Vitória unidos. Vamos ser muito mais fortes para as batalhas que vamos ter fora e aí sou muito competitivo. Temos que deixar todo o suor em campo. Estou farto de ver, antes do jogo, animação, as famílias a irem para o D. Afonso Henriques, haver uma vontade e um otimismo, e depois entristece-me saírem sempre maldispostos, a dizer que é sempre a mesma coisa e preocupados com o dia a seguir, ter mais uma semana de trabalho de maldispostos. Quando nós falamos, muitas vezes, que o Vitória precisa de mudar, precisa de mudar a mentalidade. Nós não podemos estar agarrados ao poder no Vitória e isso é que tem que ser muito claro. 

O que é que terá falhado, se é que falhou alguma coisa, para o Vitória estar a fazer o campeonato que está a fazer? O que é que se propõe mudar?

Falando da parte desportiva, acho que falhou muita coisa. Temos um presidente que entra e a situação financeira já não era muito famosa… Este presidente mal entra, começa logo a fazer transferências de jogadores, salários… Ele mal entrou no Vitória, começou logo com comissões, salários altos… O Carlos Freitas, entretanto, penso que foi no final de agosto, contratou 20 ou 30 jogadores para a equipa B. Já se começava a anunciar uma falta de planeamento que acho que é um dos pontos mais importantes e é aí que sinto que verdadeiramente falhou, na questão de planear as épocas, ver as coisas atempadamente, ter critério, ter rigor naquilo que é o desporto. Aquilo que sinto muitas vezes é que o Presidente da direção fala e não sabe que está a dizer ou não sente o que está a dizer.

O Vitória tem os jogadores a mais?

O Vitória tem que apostar na formação sempre e não pode ser apostar na formação quando não há outras opções. Depois, além disso, tem que ter um planeamento, tem que ter uma política desportiva que vise encontrar os jogadores. Neste momento, não temos outra hipótese porque financeiramente é o descalabro. Temos que baixar os orçamentos, temos que procurar jogadores que estão em final de contrato, primeira divisão, na segunda divisão, jogadores que estejam fora, temos que ir atrás de parcerias com clubes, ir buscar jogadores que estejam no final da sua linha de formação…

Um jogador que esteja em final de contrato num clube da primeira divisão que está a aparecer, e há muitos, temos que apanhá-lo na altura certa. Só que, para isso, temos que passar uma coisa ao jogador e aos seus agentes: confiança. Se nós tivermos uma direção que não transmite os valores da confiança, os jogadores não vêm para cá.

Se entrarmos no dia 5, a primeira coisa que farei é entrar no balneário, pôr-me ao lado do Pepa, que acho que não tem tido o apoio da direção, está isolado, pôr-me ao lado dos jogadores. Tenho a certeza que, desde esse momento, nós vamos conseguir mudar muita coisa, porque a forma como se lidera, como se comunica e como se cria esta força, esta vontade, tem que mudar na hora.

Nós não podemos ter uma direção que não está nos momentos maus, que não dá cara, porque às vezes é preciso assumir. É preciso estar ao lado do treinador. Não é para escolher o 11, é para dizer “queres tomar esta decisão? É polémica, mas nós estamos contigo”.

O Diogo Boa Alma é a escolha certa para o Vitória, para fazer esse caminho que se propõe fazer?

Não tenho dúvidas. É óbvio que quando tomamos decisões há um certo grau de risco, mas nós temos que evidenciar factos e o Diogo é alguém que nos dá garantias em apoio na deteção de talento. É essencial trabalhar com o scouting e com a direção na deteção de talento, apoio nas oportunidades. É das pessoas que, com pouco, consegue fazer muito. É uma excelente pessoa na gestão dos recursos humanos internos. Não podemos ter um diretor desportivo em Lisboa ou no Porto a dar umas ordens. O Diogo Boa Alma, quando nós entrarmos, e se entrarmos, entra no Vitória às oito da manhã e sai à meia-noite. O sucesso não é só contratar jogadores, o sucesso, ou a base de sucesso, está na cultura de clube para que depois se possa transmitir a tal garra e a tal vontade.

Disse, no início desta campanha eleitoral, que o Vitória caminha lentamente para o abismo. O segundo momento será pedir uma auditoria?

O primeiro momento é falar com todos os funcionários, inclusive com a equipa de futebol. Motivá-los, dizer que o caminho será outro e contamos com todos para que se possa dar a volta. Em relação à auditoria, que está no nosso programa, fazemos questão de, ao entrarmos, fazermos uma auditoria. Temos que, de alguma forma, ao entrar, fazer um corte com o passado protegendo sempre os interesses do Vitória. Mas há outra coisa que também defendemos. Quando sairmos, ou em final de mandato, fazemos outra auditoria para que quem chegar consiga ver tudo que foi feito, tudo limpo, para que não haja aqui dúvidas.

E relativamente às contas do clube? Sente que conhece a realidade do Vitória?

Temos a noção de que as contas estão muito más, já tínhamos a noção anteriormente. Não quero acreditar que venham surpresas, mas também não sabemos verdadeiramente, até ao dia em que entrarmos, o que é que será feito por esta direção.

“Primeira coisa, planeamento. Segunda coisa, liderança. Terceira coisa, garra e cultura de clube.”

António Miguel Cardoso

Foi revelado existirem cláusulas de confidencialidade no contrato da MAF. O Vitória tem alguns pagamentos da MAF atrasados. Como é que vê esta situação?

Não posso falar daquilo que não sei verdadeiramente. Ninguém conhece o contrato, não foi revelado. O presidente disse em Assembleia Geral que não era reversível, nós temos que acreditar no presidente. É óbvio que, neste momento, preocupa-me a falta de transparência, preocupa-me não conhecer os termos de contrato, mas queremos acreditar que está a dizer a verdade. Em relação aos pagamentos, também não conhecemos o contrato, mas já percebemos que as prestações efetivamente estão atrasadas. O presidente também diz que tem um acordo com Mário Ferreira para que as possa pagar mais tarde. É tudo muito cinzento, é tudo muito opaco, mas é uma situação que nós, neste momento, infelizmente não conseguimos controlar.

Se entramos no Vitória, vamos entrar para reestruturar, para, a partir do dia um, cortar na despesa e tentar aumentar a receita. Sabemos também que o Vitória já adiantou muitas receitas. É importantíssimo que exista um veículo financeiro, uma almofada que, se necessário, seja o suporte para que o Vitória possa, nessa altura, começar a resolver os problemas para não atirar o problema para a frente.

Relativamente à reestruturação do futebol, que é aí, definitivamente, que o Vitória mais gasta dinheiro, quais são as propostas que tem a apresentar?

Primeira coisa, planeamento. Segunda coisa, liderança. Terceira coisa, garra e cultura de clube. Não consigo ver o Vitória a investir ou a gastar 22.000.000 de euros por ano e depois chegarmos ao campo e perdermos contra clubes como o Gil Vicente, como o Rio AVE, como o Santa Clara, o Paços de Ferreira… Temos que nos qualificar para a Europa. Não há uma relação direta entre investimento e resultados desportivos. Há uma relação direta entre qualidade, treino e vontade, e resultados. Reestruturando com calma, haverá um ponto em que o Vitória possa expandir, possa estar constantemente em cima.

O Vitória, hoje em dia, com os problemas logísticos de infraestruturas, com excesso de despesa que tem… Nós abdicávamos dos sub 23. Não quer dizer que se libere os jogadores, é possível uma política de empréstimos.

Nas modalidades do Vitória, que alterações propõe ao atual funcionamento?

Acho que há uma coisa que é muito importante, é que as modalidades tenham uma base de formação por trás, para que as crianças e os pais possam, de alguma forma, entrar no Vitória muito cedo e que possam chegar às equipas A. Se não for assim, as modalidades deixam de fazer grande sentido. As modalidades não podem ser ilhas dentro de Vitória, tem que haver uma maior comunicação, tem que haver uma maior abertura, mais diálogo, de forma a que o nosso emblema esteja sempre bem representado.

Em termos de infraestruturas o clube tem nesta altura um projeto…

Acho que é essencial, para o futuro do Vitória, a possibilidade de ter uma nova academia.

É importante, ao entrar, irmos bater à porta da Câmara, fazer pressão para que as coisas possam acontecer. Temos que falar do pavilhão, temos que falar das piscinas, temos que falar do complexo. Isso tem que ser uma coisa que seja persistente e é importante a nossa capacidade de resiliência para que tudo isto possa acontecer. Mas aí também toco numa coisa que acho que é importante, temos que perceber que todos os vimaranenses querem um Vitória diferente e nós sentimos isso. Não está alinhado o potencial do clube e dos vitorianos com aquilo que é o caminho das direções. Aquilo que nós dizemos é que, se é preciso um Vitória diferente, as caras têm que ser diferentes.

Referiu a comunicação como sendo importante…

Acho que o Vitória tem que estar muito mais aberto aos sócios e é importante ouvir os sócios. A SAD e o clube têm que estar mais abertos aos sócios. Nós sentimos, e nós ouvimos as pessoas, é que as pessoas vão para as eleições e depois esquecem-se, viram costas para os para os associados. Isso não pode acontecer.

Porque é que as pessoas devem escolher a lista A no próximo sábado?

Eu digo sempre aquilo que me vem um bocado à cabeça. Percebam a paixão que nós temos pelo clube, aquilo que nós queremos fazer de bem e depois votem em consciência, que é aquilo que é mais importante, votar não pelos amigos, não pelas pessoas que conhecem, não pelos interesses. Votem em consciência e ouçam aquilo que nós temos vindo a dizer. Se o fizerem, tenho a certeza que votarão em nós. 

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