
Via do AveParK para que te quero?
Por Mariana Silva.

Por Mariana Silva Houve um tempo em que a Via do AvePark mereceu a designação de via dedicada. Nesse tempo, ao contrário do que disse o senhor Presidente da Câmara na última reunião de câmara, já estava definido um valor que, como se verá, derrapou muito até ao custo que hoje nos é apresentado.
Numa breve consulta na internet é possível encontrarmos uma notícia, de um órgão de comunicação vimaranense, de 7 de Fevereiro de 2017, em que se noticiava o financiamento da via, nos seguintes termos: “O financiamento da via dedicada ao AvePark, no valor de 18,4 milhões de euros, é um dos investimentos que o Governo anunciou ontem, no Entroncamento, durante a apresentação do programa de Valorização das Áreas Empresariais.”. Relembro o leitor que estávamos em ano de eleições e até um vídeo a explicar como seria a via podemos, ainda, encontrar na página do Facebook do PS.
Assim sendo, não se compreende que em 2023, numa reunião do executivo, pública, o mesmo Presidente afirme que este projeto não sofreu qualquer aumento, para 40 milhões de euros. Sim, não podemos esquecer que a via deixou de ser dedicada para passar a ter alguns acessos às freguesias por onde passa e isso inflacionou o preço da obra, quem sabe a pandemia também tem a sua dose de culpa e a guerra. Contudo, dizer que não sofreu nenhum aumento porque não havia projeto, já me parece criativo.
Não quero cansar o leitor com uma linha do tempo, todos conhecemos o caminho que este projeto está a fazer, dentro e fora dos gabinetes, desde logo a partir do processo de desafetação de terrenos.
No entanto, na semana passada surgiu uma nova questão relativa a esta via. O IGAMAOT (Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território) suscitou, junto do Ministério Público, a invalidade da decisão tomada pela Entidade Regional da Reserva Agrícola Nacional do Norte (ERRAN), que permite a utilização não agrícola de solos da RAN (Reservas Agrícolas Nacionais), para implementar a Via do Avepark.
Não posso deixar de congratular o trabalho do IGAMAOT, em decisão pouco comum, de proteção das reservas nacionais, quer seja agrícola quer seja ecológica, fazendo o que os cidadãos esperam, que é inspecionar e concluir que estes 158.873 metros quadrados de solos de RAN não podem estar desprotegidos.
A questão dos solos, da sua valorização, da sua proteção, da sua utilização é de tal forma importante que o Governo PS tem a legislação para a proteção dos solos há cerca de 7 anos na gaveta. E em ano de revisão do PDM (Plano Diretor Municipal) esta questão da defesa dos solos ganha maior dimensão.
Sabemos pelos discursos feitos pelo senhor Presidente da Câmara que o alargamento de solos para aumentar a área verde no concelho ficou esquecido no passado. Para o presente temos um outro discurso. À “boleia” das dificuldades sociais que vivemos já é urgente “libertar” terrenos para a construção de habitação e de indústrias.
O discurso mudou, mas as medalhas na lapela não podem falhar, a Capital Verde Europeia é um desígnio, mesmo que se afirme que a construção de uma nova via vai tirar carros da N101 e por isso vamos ter menos emissões de gases poluentes.
Se calhar o senhor Presidente prevê que na via dedicada ao Avepark circulem carruagens de comboios porque carros não serão!
Quase 10 anos dedicados à ideia da via do Avepark parece ter impedido a maioria socialista de se dedicar a uma solução que assegure o desenvolvimento do sul do concelho, garanta as aspirações das populações e respeitando os interesses ambientais.
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