VOLEIBOL DO VSC: QUASE 200 ATLETAS A SEGURAR A BOLA NO AR

Quem entra num pavilhão onde se joga ou treina voleibol pode identificar a modalidade antes de a ver, pelo som característico. É a modalidade da bola no ar. A bola anda de um lado para o outro, sem nunca ser agarrada e sem nunca tocar no chão. De repente, alguém mata a jogada e ouve-se finalmente o som da bola, primeiro na mão do jogador, logo de seguida a ressaltar no chão.

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Quem entra num pavilhão onde se joga ou treina voleibol pode identificar a modalidade antes de a ver, pelo som característico. É a modalidade da bola no ar. A bola anda de um lado para o outro, sem nunca ser agarrada e sem nunca tocar no chão. De repente, alguém mata a jogada e ouve-se finalmente o som da bola, primeiro na mão do jogador, logo de seguida a ressaltar no chão.

Para os amantes da modalidade é lindo, para os outros é impossível ficar indiferente a uma modalidade que implica destreza motora, força física, reflexos apurados, elevado sentido de equipa, disciplina táctica e em que os movimentos não surgem de forma espontânea, como no futebol. “Aqui tudo é aprendido” – explica Maria Carlos, treinadora da equipa sénior feminina do Vitória – “aos 14 anos já é tarde para começar”. O atual treinador da equipa de seniores masculinos e jogador com uma carreira já longa, Adriano Paço, afirma que “a melhor idade para começar na modalidade, será por volta dos sete, oito anos nas meninas, até um pouco mais tarde nos rapazes”.

O Vitória movimenta nesta modalidade, 197 atletas. Destes, 178 fazem parte dos diversos escalões de formação

O Vitória movimenta nesta modalidade, 197 atletas. Destes, 178 fazem parte dos diversos escalões de formação. Para manter toda esta gente a treinar e a jogar voleibol com o emblema do Rei, são precisos 19 treinadores, 10 seccionistas e sete diretores. A modalidade é predominantemente feminina, em Guimarães como na própria federação nacional. “Há equipas femininas em todos os escalões da formação, mickeys, minis A e B, infantis, iniciados, cadetes, juvenis, juniores e uma equipa de seniores, nos homens só temos juniores e seniores”, explica Francisco Carvalho, diretor geral da atual direção. Esta tendência para a modalidade ser praticada fundamentalmente por raparigas acentuou-se no ano passado, já que a federação registou um decréscimo de 35% dos praticantes masculinos, nos escalões de formação. Não será alheio a este fenómeno o desinvestimento na modalidade. Com a crise os patrocínios e os apoios institucionais tornaram-se de tal forma magros que o número de atletas profissionais teve que ser muito reduzido. Com falta de perspetivas de futuro na modalidade os atletas afastam-se. “Este fenómeno nota-se menos nas equipas femininas, onde sempre houve poucas formações que conseguiram ser realmente profissionais”, diz Maria Carlos.

 

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A face visível do voleibol é a equipa de seniores masculinos e muitos vimaranenses não conhecem mais do que isso. Porém, ao fim da tarde, depois das aulas terminarem, o voleibol do Vitória de Guimarães está ativo, com treinos dos diversos escalões a decorrerem no Pavilhão do Vitória Sport Club e no Pavilhão do Inatel, junto ao Estádio D. Afonso Henriques.

Quando perguntamos ao treinador da equipa principal, Adriano Paço, se é possível voltar a ver o Vitória a lutar regularmente pelos lugares cimeiros, como em tempos tinha habituado os adeptos. Sorri e fala de investimento, lembra que em tempos se fizeram grandes investimentos e não se obteve retorno, mas aproveita para lembrar que os tempos atuais também são de oportunidade. “Com a crise todas as equipas reduziram os orçamentos, ou seja, se alguém investir agora, não é preciso tanto como no passado para obter bons resultados”. Adriano Paço está a fazer a sua estreia como treinador na 1ª divisão, antes já tinha treinado o Famalicense (FAC) da 2ª divisão. Curiosamente nas duas equipas que treinou substituiu Alan Cocato. De uma forma realista, Adriano Paço coloca os objetivos para a época atual: primeiro que tudo garantir a manutenção; como segundo objetivo lutar pelo campeonato nacional. O treinador lembra que, apesar da saída de peças importantes em dezembro, a equipa está melhor e já ganha a equipas a quem não tinha ganho na 1ª volta.

Maria Carlos encolhe os ombros e diz, “agora que não há dinheiro, o material humano daqui só não chega”. A frase parece resumir os problemas da modalidade em geral. Os patrocinadores, com falta de dinheiro, afastaram-se. A falta de transmissões televisivas afasta ainda mais os patrocinadores. Francisco Carvalho não tem dúvidas, “muitos patrocinadores apoiam-nos apenas pelo amor que têm ao Vitória ou à modalidade, o retorno é baixo porque não há visibilidade”. Este ano ainda não houve um único jogo transmitido a partir de Guimarães.

“A federação não ajuda nada” – refere o dirigente – “só para inscrições, no início de cada época, são necessários 15 mil euros. Como retorno disto os clubes pouco ou nada obtêm, até os árbitros são pagos pelos clubes”. Apesar de integrado num grande clube, o voleibol do Vitória é gerido como se fosse uma pequena coletividade, com muito esforço e dedicação para manter tudo a funcionar. Francisco Carvalho despede-se do Mais Guimarães, já passa das 23h00 de sexta-feira, no dia seguinte de manhã viaja até às ilhas com a equipa sénior masculina.

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