FLORA

JÚLIO BORGES Docente

ilustraçao-janeiro

por JÚLIO BORGES

Docente

Flora, apesar do seu belo nome, detestava tudo o que fosse natural. Plantas, animais, bichos, pó. Enfim tudo o que caracteriza o campo. Por outro lado, Flora adorava a cidade e a sua tecnologia: carros, ruído, muitas pessoas, computadores, telemóveis, ipad’s, tablets, internet.

Quando os seus pais conversaram com ela sobre mudarem de cidade, pois tinha surgido uma boa proposta de emprego, ela não se preocupou muito. Uma cidade seria sempre uma cidade.

O pior, a desgraça, foi quando percebeu que a cidade não passava de uma aldeia grande, rodeada de montes e floresta, onde haveria bichos de toda a espécie e feitio!

Como seria de esperar, os primeiros dias, após a mudança, foram um tormento. Ralhou, gritou, reclamou e culpou os pais de tudo e mais alguma coisa.

– Não vou gostar desta escola. Aqui todos são antipáticos e feios. Nesta terra não tenho rede de telemóvel. Nunca mais vou ver a minha série favorita.

E ralhou, ralhou, ralhou, até já ninguém lhe dar ouvidos e até o seu pai perder a paciência

– Flora, estás de castigo. Talvez tenhas razão em não gostar deste lugar. Talvez estejas certa em reclamar por não te contarmos toda a verdade sobre a cidade para onde nos mudaríamos, mas chega! Vai para o sótão, e reflete sobre a tua postura e atitude. Sobre a mudança que agora começou.

Apesar de a casa ser antiga, o sótão estava impecavelmente limpo e organizado, era mais um compartimento habitável da casa. Mas nem isso impediu que Flora ficasse ainda mais zangada.

Depois de muito caminhar, para a frente e para trás, de pular e bater com os pés, apenas para recordar aos pais que ainda estava de castigo, Flora, partiu uma tábua do soalho. Crac.

O susto foi tão grande que, de um pulo, Flora tirou o pé da cratera. Ou talvez fosse apenas um pequeno buraco, mas o susto foi enorme.

– O que é isto? – Pergunta mentalmente a rapariga.

Olhando com atenção para o interior do soalho, Flora vê um material colorido, receosa retira os pequenos pedaços de soalho partido e vê, no interior, um pequeno livro. Quando o abre pode ler-se na primeira página, com letra desenhada.

Este diário pertence a Florindo Flores, e retrata as aventuras por mim vividas. Quem o encontrar deve devolvê-lo ao seu verdadeiro e único titular”

Flora não compreendia. Quem era Florindo Flores? Apesar de não ser curiosa, e de detestar aquele lugar, algo naquele pequeno texto acendeu um pequeno feixe de luz de curiosidade. Queria folheá-lo mas seu pai subia as escadas a correr, ao ouvir o estrondo de tábuas a partir. Mais um sermão iria ouvir, seria melhor não mencionar que encontrara um diário que não tencionava devolver.

Depois de jantar, Joana apressou-se a deitar-se. O diário de Florindo Flores esperava por ela, e ela ansiava com ele encontrar-se.

“Dia primeiro:

Hoje iniciei o meu passeio matinal neste belo bosque. A mãe Natureza permitiu que a estudasse e com ela descobrisse todas as maravilhas que nos rodeiam. “

– A mãe natureza permitiu? Quem seria realmente este Florindo Flores?

A curiosidade despertara em Flora e, quando assim é, nada a faria desaparecer até estar completamente saciada.

“Iniciei a minha aventura no caminho que segue pelo carreiro das traseiras que leva ao bosque. O perfume das margaridas acompanhou-me como um fiel companheiro, envolvente, acolhedor, seguro. No carvalho oculto pelas canas junto ao rio uma mensagem despertou o meu interesse!

“LWNW W WRAJPQNW YKIAYWN, K YKZECK ZARAO ZAYEBNWN.” (+4)

Absorvida pelo código que acabara de ler, Flora nem se apercebeu que a maçaneta da porta começara um ciclo de rotação. A porta rangeu quando as dobradiças iniciaram mais um movimento giratório.

 

 

Será que a Flora conseguirá decifrar o código? E tu? Também conseguirás?  

CONTINUA

 

 

Ilustração: Bárbara Correia da Silva 

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