GUIMARÃES NO CORAÇÃO

JOÃO TORRINHA Advogado Presidente da Assembleia Municipal de Guimarães

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por JOÃO TORRINHA
Advogado
Presidente da Assembleia Municipal de Guimarães

Terá sido Jorge Sampaio que cunhou a expressão “patriotismo de cidade” a propósito da relação que os vimaranenses cultivam com a sua terra Natal. Quem vive, nasceu ou pura e simplesmente é de cá, sabe do que estou a falar. É um sentimento de pertença, um orgulho que, dizem, é raro encontrar por outras bandas.

Claro está que esse patriotismo pode dar para muitas coisas. No desporto, por exemplo, área onde é quase tribal, mais visível e evidente. Outras vezes, podemos estar a falar de algo meramente vocal ou afirmativo, quase contemplativo, mas sem consequências práticas de monta que não a exibição do dito orgulho em se ser de Guimarães.

Mas outras tantas, os vimaranenses afirmam esse patriotismo no concreto, com ações visíveis e marcantes. É sobre um desses casos que quero escrever hoje, e que se relaciona com uma visita que fiz, há uns dias atrás, ao Hospital Senhora da Oliveira.

Muitos saberão que o nosso Hospital possui um serviço de cardiologia de excelência, onde profissionais dedicados dão muito de si em prol dos utentes que servem em número bem expressivo.

E no entanto, há procedimentos que o serviço poderia prestar e não presta por não estar equipado para tal, obrigando a que os pacientes, por vezes em estado crítico, tenham que se deslocar a Braga ou a Vila Nova de Gaia para fazer algo que faria todo o sentido pudesse ser feito em Guimarães (um cateterismo, por exemplo).

É claro que, em tempos de vacas magras, é mais difícil convencer os nossos governantes de que determinadas valências são necessárias, pois que, muito embora eles possam concordar com a necessidade, as coisas esbarram, muitas vezes, nas restrições orçamentais que invariavelmente são brandidas para justificar que não se faça até o que todos acham que seria necessário ser feito.

Pois os responsáveis daquele serviço recusaram-se a aceitar esse destino. De há uns anos para cá, envolveram as autoridades locais e a comunidade associativa, empresarial e cidadã. Foram para o terreno. Angariaram fundos. Adquiriram as necessárias competências para poder tornar o sonho realidade. Os equipamentos foram comprados. As obras arrancaram. E assim, sem que o Estado central tivesse gasto um tostão que fosse, a nova unidade de diagnóstico e intervenção cardiovascular está pronta a entrar em funcionamento. Aqueles homens não aceitaram o seu destino mas resolveram moldá-lo. O deles e, obviamente, o nosso, enquanto comunidade. A atenção das entidades locais e a generosidade dos vimaranenses fizeram o resto.

O que falta então para que tudo isto entre em funcionamento? “Apenas” a autorização da ARS para o efeito. Espero sinceramente que as aspas que coloquei na palavra apenas sejam para retirar muito em breve, pois que seria (e meço bem as minhas palavras) criminoso que todo este trabalho fosse desperdiçado, “apenas” porque pode pôr em causa outros valores, outros interesses, que não aqueles do serviço público e da prestação de um serviço de qualidade aos nossos cidadãos. Estou certo, porém, que os vimaranenses nunca permitiriam que isso acontecesse. Esperemos que essa não seja uma batalha que seja preciso travar.

Aos maiores heróis desta história, os responsáveis do serviço de cardiologia do Hospital Senhora de Oliveira, o meu bem-haja. Do fundo do coração.

 

 

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