JOSÉ MARTINS
Por Pedro Castro Esteves.
Nome completo
José Freitas Martins
Nascimento
19/09/1951
Golães
Profissão
Ex-ciclista
Corria o ano de 1972. A vitória de Joaquim Agostinho na Volta a Portugal em bicicleta contribuía para a construção de um mito. Os livros de história apontam para uma vitória relativamente confortável, já que o 2.º classificado da prova surge com cerca de cinco minutos de atraso. A história não se costuma lembrar dos vencidos, mas em Guimarães o nome de José Martins pode ser familiar para alguns aficionados. O ciclista nasceu em Golães, mas tem muitos anos de ligação a Guimarães. Foram oito anos de ligação à histórica equipa Coelima, presença assídua no pelotão nacional entre 1969 e 1983.
José Martins é um dos maiores nomes do ciclismo nacional e marcou a década de 70 da modalidade. Conquistou títulos, ganhou etapas e camisolas, mas esse 2.º lugar, em 1972, na Volta a Portugal, foi o momento mais marcante como ciclista. “Ficará para sempre marcado. Não só pela prova que é, mas porque na minha freguesia esperaram-me à chegada com banda de música. Havia os miúdos todos na rua. É uma grande lembrança que tenho”, indica.
Em 1972, José Martins era um jovem ciclista. A paixão pelas duas rodas, explica, “surgiu facilmente”: “Comecei a trabalhar cedo. Sou de Golães, mas trabalhava em Guimarães na construção civil. Quase todos os dias passava por ciclistas da Coelima”. A imagem ficou-lhe na cabeça.Um dia fez um pequeno desvio. Em vez de ir trabalhar foi bater à porta da equipa e pediu para treinar. Começava aí uma carreira que o levou a Espanha e terminou onde começou: em Guimarães, na equipa do Vitória.
“Esse miúdo. Esse fica”
O treino correu bem e José ficou com a equipa. “Esse miudito, esse fica”, disseram-lhe. Ficou e passado um ano já era ciclista profissional. Em 1973 o salto foi maior. Teve a primeira experiência num dos monumentos: o Tour de France. Acabaria a prova gaulesa em 33.º lugar, mas viria a fazer melhor e iria se destaque de uma das etapas mais emblemáticas da prova.
Em 1976, depois de ser bem-sucedido em provas espanholas, como a Volta ao País Baco (15.º lugar) e na Vuelta, numa edição ganha por Eddy Merckx, o português assina contrato com a espanhola KAS. Foi um grande ano para José Martins: ganha a camisola da montanha na prestigiada Volta à Suiça e termina a Volta a França no 12.º lugar. Fica para história a subida ao Alpe-d´Huez em que o ciclista português termina em 7.º, cruzando a linha de meta lado-a-lado com duas lendas do ciclismo a correr em casa: os franceses Raymond Poulidor e Bernard Thévenet.
O fim da carreira em Guimarães
O fafense ainda iria calcorrear o país e circuitos europeus até pendurar a bicicleta em 1985, ano em que acabaria a carreira como ciclista. Depois da passagem pela espanhola Teka e pela Moliner regressa à casa conhecida, com mais dois anos na Coelima. O último ano seria passado na equipa do Vitoria S.C. – Maria José Abreu LDA. Na altura, a equipa era composta por muitos ciclistas da Coelima. “Já era fã de Guimarães. Foi onde comecei e acabei por terminar bem a carreira no Vitória.”
Passaram cerca de 35 anos desde a última prova como profissional de ciclismo e o minhoto lembra as dificuldades de se chegar a profissional durante os anos em que esteve no ativo: “No meu tempo só andava de bicicleta se fosse ciclista. Havia muitas dificuldades. Acabei por ter sorte porque a Coelima era perto. Trabalhava em Guimarães e de lá até Pevidém acabava por não ser difícil. Agora é muito mais fácil. Em qualquer cidade ou vila há uma equipa de ciclismo.”
O ciclista recorda com alguma amargura os tempos em que era figura nos pelotões nacionais e internacionais. “O ciclismo estava bastante mal”, sublinha, acrescentando que as equipas “pagavam pouco”. “Até podia continuar por mais dois anos, mas as condições eram bastante más. Era só por paixão.”
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