RIDICULARIZAÇÃO PRESIDENCIAL
RUI ARMINDO FREITAS Economista
por RUI ARMINDO FREITAS
Economista
No próximo domingo, 24 de Janeiro, somos todos chamados a, como cidadãos portugueses de pleno direito, escolher a mais alta figura da nação. Esta eleição é a eleição fundamental do regime. Nunca, desde a implantação da república tivemos tantos candidatos como os que se apresentarão às urnas no próximo domingo. Para uns poderá parecer um sinal de vitalidade do sistema democrático, quanto a mim parece-me mais uma doença grave do regime. Senão reflitamos, em que país ocidental, com uma democracia madura nos recordámos de ter visto 10 candidatos presidenciais? Em que democracia madura podemos dar exemplo de 10 cidadãos, que no mesmo momento, se julgam capazes de encarnar o papel mais importante da representação dos valores nacionais, de garante da unidade da nação e do estado, e do regular funcionamento da instituições democráticas? Teríamos de ser um país modelo de cidadania para, à razão de 1 cidadão por milhão, termos alguém que nos pudesse representar e unir a todos, ou pelo menos a 50%+1.
Assim sendo, na minha opinião, estamos a assistir à pior campanha presidencial de que tenho memória. Estamos a assistir à descredibilização total da figura do chefe de estado, que é tão somente o nosso maior estandarte, sejamos republicanos ou não. Acho pois, que as principais forças políticas deveriam ter um papel fundamental na preservação da credibilidade do regime e na contenção diplomática do número candidatos de cada área, sob pena de estarmos a esvaziar a principal figura da nação. Penso que é urgente encetar um debate de fundo sobre as condições necessárias a reunir, para que um cidadão possa apresentar-se a sufrágio. Fica provado por esta eleição que as condições necessárias não são de todo suficientes para “peneirar” de modo a que a escolha tenha sentido. As minhas afirmações podem parecer pouco democráticas, no entanto a votação expressa do próximo domingo com certeza irá caucionar aquilo que afirmo. É penoso assistir a debates em que claramente notamos a impreparação de cidadãos que reuniram as condições formais para serem candidatos. É penoso ter que assistir a uma campanha em que temos acompanhar disparates de candidatos que mais parecem estar num casting para um reality show. Mais, importa realçar que é o caro leitor que vai participar no pagamento da fatura de campanhas que não vão resultar em nada, nem nunca poderiam resultar em coisa alguma.
Com esta minha opinião não quero de modo algum favorecer os candidatos apoiados pelos partidos em detrimento dos independentes, pelo contrário acredito profundamente que poderá existir a dado momento um cidadão que possa ser uma figura que está a cima de um ou mais partidos e que possa incorporar os predicados para nos representar a todos, já dez ao mesmo tempo parece-me absurdo. Este meu desabafo é também por já me ter apercebido que apesar desta ser a eleição a que concorre pela primeira vez uma mulher, quem irá sair vitorioso das próximas eleições também é do género feminino, mas chama-se abstenção. Este desabafo é por perceber que o regime está doente e por me desgostar muito assistir a uma campanha vazia e muitas vezes caricata. Este desabafo, é também por que não vejo com bons olhos que, um dia, tenhamos a Teresa Guilherme a apresentar a noite eleitoral como uma votação, da qual pareça resultar apenas quem é o novo residente da “casa” de Belém.
Quanto a mim, já fiz a minha escolha, votarei num candidato que conheço , que conhece o país, que conhece o funcionamento do nosso regime e que melhor, em minha opinião, nos poderá representar. Acredito que dos 10, menos de metade estão nas condições que referi acima, eu voto Marcelo Rebelo de Sousa.
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