ZÉ DOS BOMBOS
Artesão
![ze-dos-bombos](https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2016/12/Zé-dos-Bombos-672x658.jpg)
Nome completo
José Manuel Salgado Alves
Nascimento
01 de Junho de 1977
Polvoreira, Guimarães
Profissão
ArtesãoNuma pequena arrecadação em Polvoreira encontra-se uma casa com mais de 80 anos de ofício na construção dos normais instrumentos de percussão. A “Casa dos Bombos Alves” já tem três gerações e é hoje reconhecida por toda a região pela qualidade e experiência dos trabalhadores que a compõe.
José Alves, dono do estabelecimento, começou desde muito pequeno a sentir o “toque” dos tambores. Desde muito novo seguiu o ofício que lhe foi transmitido pelo seu avô e pelo seu pai, continuando a construir segundo as técnicas artesanais e familiares. José Alves conta que começou na arte de construção com dez anos e aos 13 anos seguiu a sua vocação. “Não quero dizer que nessa altura fazia caixas e bombos, mas já andava no meio”, disse.
A construção de uma “caixa” tem os seus segredos e José Alves conhece todos
A forma apaixonada com que fala e trabalha nos tambores foi transmitida pelo seu pai. Nestes anos todos, José Alves já perdeu a conta ao número de caixas e bombos que fez. “É complicado dizer um número, mas posso assegurar que é muita coisa”, referiu.
Para além de construir os normais instrumentos de percussão, José Alves e a Casa dos Bombos reparam as caixas e bombos que sofreram mazelas dos anos anteriores, bem como alugam a quem não está disposto a adquirir um equipamento novo. As caixas vêm em todas as medidas para todas as idades, por isso, José Alves também produz “tambores pequeninhos para os mais novos que servirão para as crianças dos infantários”. José Alves explicou ao Mais Guimarães a composição de uma “caixa” ou tambor. A utilização de materiais originais como os metais, as madeiras para os arcos, a cordoaria, os couros e as peles de cabrito, fazem parte de um instrumento que vai servir grupos de Zés Pereiras, Ranchos e Grupos Etnográficos entre outros.
O segredo, segundo José Alves, está nas peles que se utilizam da colocação. “É preciso saber utilizá-las no sítio certo. Não é só meter umas peles e uns arcos e está uma caixa feita. É assim que muitas pessoas fazem. Há algo mais…”, disse sem querer revelar os seus segredos.
As peles devem ser preparadas e bem escolhidas, o que nem sempre é possível, sobretudo durante as Festas Nicolinas, quando a procura é grande. “Tentámos sempre escolher umas peles boas e brancas. Nesta altura é difícil porque o tempo é curto. As pessoas procuram muito em cima da hora. Por isso, tentámos durante o ano recolher as peles”.
Todo o processo de construção é executado pelo próprio, desde o tratamento das peles à afinação final. O uso de máquinas é restrito, pois um dos segredos para garantir a autenticidade é a técnica manual.
Como os instrumentos de percussão tem vários pretendentes, a casa está aberta todo o ano. “Trabalhamos aqui todos os dias. Não só para esta festa, mas nesta altura claro que é mais conhecido”. Onde hajam festas e romarias é muito provável encontrarmos caixas e bombos construídos na oficina Alves, sendo que possuem uma ligação muito forte às Festas Nicolinas, onde o som dos seus tambores ecoa pela cidade berço.
José Manuel Salgado Alves espera manter a tradição familiar e um dia transmitir a arte aos seus descendentes.
Por: Diogo Oliveira
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