ZÉ MANEL
Por Mafalda Oliveira.
Nome completo
José Manuel Lopes Ribeiro
Nascimento
17/05/1976
Vizela
Profissão
Futebolista / Agricultor
Uma carreira de mais de duas décadas. Entre muitos relvados e um regresso desejado. José Manuel Ribeiro, mais conhecido como Zé Manel, é um rosto bem conhecido do futebol regional. Aos 43 anos, o defesa-central aceitou voltar ao Serzedelo, equipa da qual se tinha despedido em maio. “Voltei devido à situação do clube, para os tentar ajudar, para que não desçam de divisão. Regressei também porque o colega que tenho lá, o Rui, diretor desportivo, chateou-me a cabeça”, brinca. O Serzedelo ocupa atualmente a última posição do Pró Nacional da Associação de Futebol de Braga. “A situação do Serzedelo é muito difícil. Vamos tentar pelo menos não descer. No ano passado subimos e quem esteve lá sabe quanto custou”, recorda. O regresso foi também motivado pelo “peso do emblema”, já que Zé Manel já tinha representado o clube entre 1999 e 2003. “Quando fui para lá ainda era novo. Eles deram-me muito. Foi o que pesou ir para lá”, admite. Na verdade, dos seus 43 anos, Zé Manel passou 25 a jogar futebol: entre o Vizela, Barrosas, Serzedelo, Os Sandinenses, AD Oliveirense, Tirsense e Fafe. Natural de Vizela, foi no Agostinho de Lima que deu os primeiros pontapés na bola. “Saía da escola e, sem o meu pai saber, ia para o campo para treinar com o senhor Dimas, o meu primeiro treinador”, recorda. 25 temporadas são sinónimo também de muitas memórias. “O Quim Machado (na altura, diretor do AD Oliveirense), por exemplo, chegou à minha beira e disse-me, na casa dos meus pais, para assinar contrato e disse que nas equipas dele ninguém bebia vinho e ninguém fumava…. Sei que isto não é exemplo nenhum, mas respondi que podiam ir embora porque não assinava contrato. ‘Vocês sabem que eu antes dos jogos tenho que beber o meu copinho de vinho’”, recorda. Na altura, também referiu que “tinha trabalho e tinha mais clubes”. “Nunca me faltaram clubes, mesmo agora com esta idade”, frisa. Entre recordações, Zé Manel garante que “o momento mais alto são sempre as subidas de divisão”. “Subimos o Tirsense duas vezes, subimos o Fafe… o meu orgulho é saber que joguei sempre. Praticamente nunca fui para o banco”, conta. “[Ao sábado] não quero que ninguém venha a minha casa jantar e também não quero que ninguém me convide para ir à sua casa” Zé Manel cresceu no seio de uma família extensa: é um de 11 irmãos. “Eles dizem que têm orgulho em ter o irmão que têm. Eu digo que tenho orgulho em ter os irmãos que tenho. Os meus irmãos abriram-me muito os olhos. Nunca me iludiram a dizer ‘tu és um jogador do caraças. Podias estar ali e ir para aqui’. Quando iam ver os jogos, ficavam contentes com o que viam”, aponta. Um ensinamento que o futebolista leva também para os mais novos. “Ainda esta semana, em Serzedelo, disse aos miúdos: ‘Vocês pensam que sabem tudo e eu, com a idade que tenho, sei tudo e ao mesmo tempo não sei nada’. Estamos sempre a aprender. E os meus irmãos ensinaram-me isso”, sublinha. Sempre em articulação entre o futebol e sua profissão, Zé Manel trabalha numa quinta. “O meu patrão tem vacas, porcos, estufas… Fazemos um pouco de tudo na quinta”, explica. Conciliar o trabalho com o futebol “é um bocado difícil”, admite. “Tenho um trabalho que é pesado, mas o meu patrão também facilita um pouco. Saio do trabalho e vou diretamente para o futebol. Gosto de chegar cedo ao treino, quem me conhece sabe que sempre que posso vou mais cedo meia hora, uma hora, no máximo… não gosto de chegar atrasado”, assegura. Para manter a forma, Zé Manel frisa a importância do descanso e da concentração. “Não sou pessoa de ir para cafés, para discotecas. O sábado é em minha casa com a minha família. Não quero que ninguém venha a minha casa jantar e também não quero que ninguém me convide para ir à sua casa. Tenho que estar concentrado”, afirma.
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