Os zombies com máscaras sempre existiram!
por Mário Moreira Porto, 7 de Junho. Estou em mais um [...]

Amêijoas-à-Bulhão-Pato-4
por Mário Moreira
Porto, 7 de Junho. Estou em mais um restaurante por solidariedade e curiosidade. Saber e sentir no local o que se está a passar.
Há uma excelente e apetecível esplanada. Espero na esperança de comer ao ar livre, diminuindo, deste modo, o risco de contágio. A procura de mesa é demorada. Tomar uma refeição a olhar a paisagem entre pontes do rio Douro é deslumbrante.
A espera valeu pela excelente entrada que comi.
Reconheço a irresponsabilidade doentia de cidadãos, saiem e entram, que se cruzam, na mais completa indiferença, com e sem máscara. Os cuidados do serviço de mesa, são insuficientes, comuns a outros locais que visitei, aqui referênciados, por mim.
O mais tenebroso desta inesquecível refeição reside num episódio que ficará retido na minha memória pelos piores motivos. Estou na fila. Num ralâmpago, surge a trás de mim um ser humano “vindo de outra galáxia”. Uma “boneca” exótica toda ela exuberante, a tocar a arrogância e a estupidez, cola-se a mim. Um calor estranho como se o sol batesse numa parede, fizesse ricochete, como se uma língua de vaca me estivesse a lamber os rins.
Sinto os bicos dos mamilos roçar nas minhas costas, a provocar-me. Percebo, que estes “afagos” bacocos fazem parte de uma estratégia. Ludibriar a presa. As mamas desta criatura estão bem à medida da boca de uma sanita, como a sanita está bem á medida da sua boca.
Por momentos perco a vontade de comer…Olho-a nos olhos, faço menção de desagrado. Tenho a carteira guardada. A brutamontes, solta-se ofegante, cai-lhe a “máscara”. Tem parceria por perto. Começa a falar alto, cada palavra é um disparate. O objetivo em roubar, foi-se. No momento em que sou chamado para ocupar a mesa para tomar a minha refeição, esta mancamulas, deixa cair um relógio ao chão, grita com grande lata que eu a estou a roubar. De imediato é rodeada por presentes. Sumiu-se do mesmo modo que apareceu. O “relógio” foi apanhado por um empregado de mesa que o devolveu ao lixo.
Não reagi. Não disse uma palavra. Não por medo, mas pela razão.
Cuidem-se.
“Amêijoas à Bulhão Pato”
Mergulhar as amêijoas em água, durante uns quinze minutos. Lavar em água corrente, escorrer no passador. Levar ao lume uma frigideira com azeite e alhos esmagados, deixar alourar. Adicionar os talos dos coentros picados, as amêijoas e envolver. Regar com vinho branco, tapar e deixar cozinhar até que as conchas se abram, agitando algumas vezes. Destapar, temperar com sal e pimenta a gosto. Adicionar as folhinhas de coentros picados e sumo de limão.
Bom apetite!
Um abraço gastronómico.