“AI QUE CHEIRINHO TEM O LINDO CALDO VERDE”
por Mário Moreira “Ai que cheirinho tem o lindo Caldo Verde” […]
por Mário Moreira
“Ai que cheirinho tem o lindo Caldo Verde”
Numa casa portuguesa, concerteza, basta pouco, poucochinho, pr´a alegrar…é só pão e vinho, e um Caldo Verde, verdinho na tigela com a tora a fumegar.
O frio está para durar. É o seu tempo. Bate-nos à porta, entra-nos em casa, sem pedir licença, dando sinais que nos desafia a todo o momento. Além dos agasalhos, da lareira, de uma alimentação cuidada, comer sopa, é ato de cultura e resistência ao frio.
Há milhares de anos a sopa foi o principal alimento dos camponeses em todo o planeta. Usavam os ingredientes de maior abundância para produzir o quer que fosse. A falta de alimentos e a fome, aguçou o engenho e a criatividade para dar origem a incontáveis e deliciosas receitas, muitas delas bem recuperadas.
Nas artes, foi celebrada nas telas de grande pintores onde os personagens satisfaziam a fome tomando uma tigela de sopa.
O Caldo Verde, esta soberba sopa minhota que se acredita ter origem no século XV, foi adotada por todas as regiões de Portugal, considerada em 2011, uma das sete maravilhas da gastronomia nacional, é um verdadeiro hino à simplicidade e beleza, sabor e substância. Tem, merecidamente, carimbo e selo plenatário, dos fãs de todo o mundo que nos visitam e agradecem.
Júlio Diniz, Ramalho Ortigão, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Pessoa, Amália, Camilo, Eça de Queiróz e tantos outros escritores e poetas, rendidos a esta magnífica iguaria nacional, tecem nos seus escritos, rasgados elogios a um prato identitário, tipicamente português, entranhado no nosso ADN, consumido por todos e em qualquer ápoca do ano, numa reconhecida exaltação à gastronomia nacional.
O Caldo Verde serve-se em malgas de barro, acompanhadas de palitos generosos de broa, milho ou centeio, rodelas de salpicão que lhe dá uma sabor peculiar. De mão dada com as malgas de barro se servem o Verde Tinto, aquele que pinta a alma e as beiças e em cuja acidez, o verdinho “morre” na doçura do puré da batata, numa perfeita combinação de sabores.
Caldo Verde
Numa panela com água, adicionar 1kg de batata, 2 cebolas e 3 dentes de alho, descascados e bem lavados. Quando começar a ferver, adicionar o salpicão, deixar cozer, retirar e cortar em rodelas. Reduzir os restantes ingredientes a puré. Levar de novo ao lume. Juntar uma colher de sopa de sal e 2 colheres de sopa de azeite. Adicionar 400gr de couve galega finamente cortada. Retificar o sal e deixar ferver até que a couve fique “al dente”. Servir o caldo em malgas, a rodela de salpicão, um fio de azeite e palitos de broa. Viva o Caldo Verde!
Bom apetite.
Um abraço gastronómico.
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