por Mário Moreira
Soluções
(3ª Parte)
Neste ano letivo, a esmagadora maioria dos trabalhadores, que começaram em Setembro a trabalhar só assinaram os contratos em Dezembro…(27).
As categorias profissionais, estão desajustadas à realidade (28) e, portanto, os salários também. No concelho de Guimarães, só há uma trabalhadora cozinheira de 1ª categoria. Não se compreende que cozinheiras com a responsabilidade de 300 e mais refeições diárias, não tenham a categoria de 1ª. Muitas delas têm ainda a categoria de 3ª, (29)
Como fiz referência na primeira parte, deste trabalho, as empresas vencedoras, são as que apresentam os mais baixos valores nas refeições praticadas e não as que melhores condições apresentam. Este cartel de empresas, que não têm qualquer função social, no parque escolar, mas unicamente a maximização de lucros em negócios de muitos milhões, cortam numa selvagem e voraz ganância sem precedentes (30) nos direitos dos trabalhadores, nos ingredientes e na qualidade das refeições. A subcontratação da gestão das cantinas é em si uma aberração.
Faz um ano que uma destas empresas, convocou, uma reunião em Braga, onde estiveram dezenas de cozinheiras, cujo ponto se resumia, à subtração de alimentos nas refeições das crianças e seriam atribuidos prémios de 25 a 75€, para os melhores desempenhos. Verdadeiramente, surreal…Prometem prémios para degradar as condições alimentares, as condições de saúde das crianças e jovens, mas não há disponibilidade para aumentar salários de miséria.
Perante este catastrófico e desumano cenário, pode perguntar-se, com toda a legitimidade, como é possível ter uma refeição nutricialmente esmerada e de qualidade, em ambiente escolar?
O estado de degradação alimentar, a que se chegou, é da exclusiva responsabilidade das empresas concessionárias, do Ministério da Educação, que se estende à ASAE, à ACT, às Câmaras Municipais, pela ausência de fiscalização.
As crianças fogem da comida da cantina por causa do sabor e espeto, do ambiente de confusão, e morosidade. A falta de higiene e a degradação de alimentos são uma constante. É de lamentar tudo isto, num país, onde a gastronomia foi elevada a património cultural e se fala muito em democracia e direitos. A alimentação, a saúde e o bem estar das crianças e jovens não pode ser um negócio.
Só há uma solução; Retirar a gestão da cartelização instalada e devolver as cantinas e os seus trabalhadores à gestão do parque escolar.
Um abraço gastronómico!
Fotos: DR