PÁSCOA À PORTUGUESA
por Mário Moreira
por Mário Moreira
Mês de Abril que começa em domingo mentiroso, onde a tradição se transforma e torna bem real com as comemorações do 25 de Abril, dia da Liberdade.
A Páscoa é uma das datas mais queridas dos portugueses, sobretudo, os que respeitam as tradições seculares do cristianismo. Apesar das crenças religiosas é uma data onde o pretexto para juntar amigos e familiares é um nobre ato prazeroso à mesa que está ao alcance de um clique, exatamente como eu faço. O requinte dos pratos e doces típicos dão brilho e conferem momentos festivos bem especiais e de rara beleza.
Comer iguarias como: cabrito, borrego, pão-de-ló, amêndoas, chocolates, folares e outras delicias é transportar para a mesa a alegria das cores e sabores e os saberes de antanho, numa tradição que de norte a sul transbordam costumes que marcam de forma indelével a sociedade portuguesa. É imprescíndivel em Trás-os- Montes o folar generosamente recheado das melhores carnes, como é imprescindível o borrego no Alentejo, ingrediente principal onde o sangue corporiza o famosíssimo “sarapatel”.
A minha infância cresceu sem a proximidade das testemunhas de batismo, infelizmente. Meu padrinho a cumprir serviço militar na Guiné como capelão numa guerra inútil e de imigração forçada, e, a madrinha professora primária em Angola, ambos numa ausência imposta em época de verdadeira e inquietante pobreza, são um avassalador motivo que me abstrai de uma época comercial e desmesurado consumo.
Apesar das festividades, não podemos ignorar que nos encontrámos, ainda, em período de contenção, como tem sido o nível salarial dos trabalhadores da restauração e hotelaria, em que os seus salários se encontram “congelados” desde 2012.
A ementa de domingo é cuidada, esmerada e reforçada, mantendo bem vivos símbolos e rituais gastronómicos, como o folar que percorre todas as regiões, independentemente das configurações e características de confeção.
O folar continuará a ser o símbolo, dádiva e confraternização, ingredientes que deveriam presidir aos nossos atos todos os dias das nossas vidas, por uma sociedade mais humanizada.
PERNA DE BORREGO ASSADO COM MOSTARDA
1 perna de borrego, alecrim, tomilho, dentes de alhos, 5 colheres de sopa de mostarda em grão, sal, pimenta e azeite. Colocar a carne numa assadeira, envolver as ervas picadas com a mostarda, o azeite e barrar a pasta na carne. Levar ao forno a 150º durante 3horas até ficar bem tenra, suculenta e tostadinha.
Acompanhar com um arroz de forno com pinhões e amêndoas tostados e uma salada de agriões.
Bom apetite. Um abraço gastronómico.
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